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Sousa e Castro receia que este ano venha a ser pior. O antigo capitão de Abril tem hoje uma pequena exploração de mel em Sintra, a qual já foi atacada pela vespa asiática. As perdas já ascendem a 700 kg de mel. "A vespa asiática chegou aqui à zona de Sintra há cerca de dois anos. Toda a gente sabia que isso ia acontecer, e as medidas que foram tomadas foram relativamente chochas."
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Um janeiro invulgarmente pouco chuvoso cria ansiedade no antigo representante do Conselho da Revolução, como confessa, em entrevista à TSF. "Este tempo seco pode ser ainda pior. Como começa em fevereiro/março a sair da sua eventual letargia - já é duvidoso que algumas entrem em hibernação, porque já há notícias em Portugal de que há ninhos que se mantêm operacionais durante a época chamada do frio, do inverno -, este ano a vespa vai aparecer mais cedo."

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Sousa e Castro antecipa que o grande ataque das vespas, em vez de se dar a partir de junho, dar-se-á já em maio, que a floração vai avançar, e os apicultores poderão fazer a cresta mais cedo. É uma luta que, com as dificuldades acicatadas pelo clima, o antigo capitão de Abril enfrenta todos os anos.
Desde há dois anos, o combate é perturbado pelas burocracias. Sousa e Castro denuncia que já reivindicou junto da Câmara de Sintra, comentando com desagrado ter tido de dizer quem era para conseguir precipitar a ação. "A Câmara tem uma espécie de task force para a vespa asiática; depois tem um processo burocrático que é muito interessante, porque isso já me aconteceu... Quer dizer, um indivíduo vê um ninho e tem de estar a fotografá-lo para mandar para um departamento burocrático que depois vai comunicar à Proteção Civil, e a Proteção Civil vai avaliar se é de ir ao local..."
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"Tive de dizer à menina que estava a atender: 'Faz favor, mande aqui alguém, porque não lhe vou enviar e-mail nem fotografia. Eu sou uma pessoa idónea, tenho o meu número de apicultor. Se não me mandarem, eu ligo para o presidente da Câmara, porque dá-se a coincidência de eu ser coronel na reforma. Se eu fosse um pobre diabo cá, desligava-me na cara.'"
Ouça a reportagem de Rui Polónio.
Meia hora depois, chegou ao local uma pessoa enviada pela autarquia. Ainda assim, quando Sousa e Castro analisa a estratégia nacional que tem vindo a ser adotada, não consegue evitar as críticas: "O ataque à vespa asiática tem de ser feito em fevereiro/março. Quando se deteta ninhos, muitas vezes, ao se tentar destruir o ninho, espalham-se as vespas, seja por métodos químicos ou de queimar os ninhos... Ainda é pior."

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De acordo com o antigo porta-voz do Conselho da Revolução, "o esforço deve ser [feito] na fase em que elas estão a alimentar-se, justamente para criarem um ninho e procriarem, depositarem um ninho com milhares de vespas". Tem sido aplicada, em vez disso, uma "tática de trincheiras", salienta Sousa e Castro. "Estamos na defensiva. A ofensiva era começar no mês de fevereiro. Os apicultores têm de ter apoio, há Câmaras que fornecem armadilhas, são simples..."
E desengane-se quem pensa que o problema está circunscrito a uma predação competitiva com as restantes abelhas. O apicultor sublinha que a vespa asiática não ataca apenas as colmeias. "A vespa privilegia ambientes húmidos, com temperaturas moderadas, e próximos de cursos de água, por exemplo", explica Sousa e Castro, que já foi parar às Urgências do Amadora-Sintra devido a umas picadas de vespa.

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Um ninho de vespa asiática pode ser, ainda que de forma pouco poética, levantado do chão. "Ao contrário do que se possa pensar, a vespa asiática não ataca apenas os apiários, nas colónias de abelhas. A vespa asiática neste momento inunda os pomares, inunda as vinhas e inunda os jardins particulares, as hortas... Está por todo o lado. Pode começar um ninho em qualquer lugar, pode começar um ninho praticamente do chão."