Apresenta-se como o primeiro documentário português sobre a urgência de mudar a alimentação para uma dieta de origem vegetal. "Carne: a pegada insustentável" estreia dia 25, no cinema Fernando Lopes, em Lisboa.
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Francisco Guerreiro decidiu adoptar uma alimentação vegan há mais de 13 anos, depois de ter assistido ao documentário "Earthlings". Foi um "abrir de consciência". Até aí, nunca tinha pensado "no que estava no meu prato". Agora, "no seguimento do trabalho político no Parlamento Europeu", o eurodeputado independente, do Grupo parlamentar europeu Verdes/Aliança Livre Europeia, volta a juntar-se a Hugo de Almeida, para apresentar o primeiro documentário português sobre a urgência de mudar a alimentação para uma dieta de origem vegetal.
"É um documentário com factos, baseado na ciência", dividido em três áreas: saúde, ecologia e direitos dos animais, descreve Francisco Guerreiro. "A realidade é bastante dura", nos matadouros e na pesca intensiva e as imagens retratam "o abate, tratamento e transporte de animais vivos".
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Portugal é o país da União Europeia que "mais consome pescado per capita" e um dos maiores do mundo, realça o eurodeputado. "O consumo que temos é altamente insustentável" e os recursos hídricos são um tema fundamental. "70% dos recursos hídricos que consumimos em Portugal estão direccionados à agricultura e pecuária", sublinha Francisco Guerreiro com um exemplo concreto: "um quilo de vaca precisa de 14 mil litros de água para ser produzido".
Além de Portugal, o documentário foi também filmado em França, Bélgica, Reino Unido e Líbano, com depoimentos de mais de 20 especialistas, para alertar e despertar consciências, com "muitos exemplos positivos". Francisco Guerreiro elogia "o hospital no Líbano que transformou todos os menus veganos".
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"Carne: a pegada insustentável" procura ainda desmistificar algumas ideias feitas. "Não é caro ser vegan", garante Francisco Guerreiro, "podemos fazer uma alimentação com base vegetal para todos", incluindo bebés. E a "base vegetal é muito simples de fazer", como demonstra o pequeno-almoço do eurodeputado no dia em que foi entrevistado pela TSF: panquecas feitas com frutos secos, maçã e farinhas integrais, nozes e um copo de bebida vegetal de soja e amêndoa.
Sem pretender persuadir ninguém, o documentário quer "dar informação e cada pessoa decide por si", refere Francisco Guerreiro, convicto que "a vontade cívica cresce mais depressa do que a vontade política". O eurodeputado afirma mesmo que "a vontade política não existe".
Além disso, existe "um grande bloqueio quando se fala de política europeia", acrescenta, e o cinema é uma "maneira de ultrapassar a barreira e tornar a política mais acessível".
A forma de divulgação também é inovadora. O público pode pedir que o documentário seja exibido em qualquer local, seguido de um debate e até uma degustação. "É uma maneira de comunicar mais activa e dinâmica, para democratizar o acesso à informação e tornar (a experiência) mais intimista". Francisco Guerreiro sublinha que "é sempre possível ter um catering vegan", em qualquer ponto do país. Quem quiser ver o documentário, deve fazer o pedido para o site carnedoc.com.
Carne: a pegada insustentável" só estará disponível nas salas de cinema em Abril de 2024.
A autora não segue as regras do novo acordo ortográfico.