Portugal está perto de atingir uma taxa média de transmissão da Covid-19 que alguns países consideram aceitável, a partir da qual se pode pensar em levantar restrições. Há mais critérios, cada país emite a sua sentença e a lista de exigências traçada pela OMS é bem maior, mas já estivemos mais longe.
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A transmissão do novo coronavírus tem de estar controlada. Os peritos estão de acordo que este é um critério básico, mas ninguém sabe ao certo a partir de que número é seguro retomar, gradualmente, a atividade.
Pelos dados de 16 de março, a diretora-geral de saúde avança que em Portugal cada pessoa infetada contagia, em média, outra pessoa, "embora haja variações regionais".
Em linguagem de epidemiologista falamos do R-zero, a taxa de reprodução da infeção. O governo de Oslo regista 150 mortes e perto de sete mil infetados (dados da Jonhs Hopkins University, 16 março) mas já viveu um dos piores cenários na Europa. Chegou a ser pior que Itália.
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A Noruega estabeleceu como patamar um R-zero de 0,7. Atingido este número, foi decidido dar os primeiros passos para reanimar a economia. É um bom ponto de partida?
"Temos os especialistas a trabalhar com vários cenários." Graça Freitas recorda que nossa vantagem é termos sido dos últimos tocados pela pandemia, por isso temos algum tempo para avaliar a forma como os outros países estão a iniciar a fase de transição.
A Organização Mundial de Saúde traçou seis metas que devem ser atingidas antes de se aliviarem as medidas de contenção da pandemia:
- Controlar a transmissão do vírus;
- Ter sistema de saúde apto a tratar os doentes, mas também detetar, testar, isolar infetados e capaz de rastrear os respetivos contactos;
- Minimizar o risco de infeção em estruturas onde vivem muitas pessoas, como lares de idosos;
- Controlar do risco de importação de casos de Covid-19;
- Garantir o empenho e colaboração da comunidade.
Estas são exigências de saúde pública e são elas, diz Hans Kluge, diretor regional da OMS Europa, que devem guiar as decisões dos governos.
"O comportamento do vírus depende do nosso"
De um ponto de vista global, o cenário no velho continente é menos auspicioso do que pode parecer. Na conferência de imprensa semanal, Hans Kluge sublinhava que é a Europa quem carrega metade do peso da pandemia. "Há registo de mais de 90 mil mortos (65% do total) e quase um milhão de pessoas contaminadas (o número de infeções no planeta ultrapassou no dia 15 de março os 2 milhões)."
Há sinais positivos - ou pelo menos menos maus -, em países como Itália ou Espanha, mas temos do outro lado exemplos como Rússia ou Ucrânia a braços com um aumento vertiginoso do número de casos diários.
"Estamos ainda no meio da tempestade, não vai ser fácil nem rápido sair daqui", avisa o diretor regional da OMS Europa e, como até agora, "o comportamento do vírus vai depender do nosso comportamento".
Do lado da comissão europeia, o roteiro já apresentado por Ursula von der Leyen é vasto e também apela à paciência de governos e cidadãos.
Ciente de que não tem poder para interferir no que cada estado membro decide em termos de saúde, Bruxelas traçou um guia onde dá sobretudo conselhos: prudência, responsabilidade, passos curtos e seguros.