É a tese de um cientista da Universidade de Coimbra. Defende que além de máscaras todos devemos usar viseiras porque o vírus, sobretudo em ambientes fechados, pode permanecer horas no ar em partículas minúsculas em suspensão e ser inalado dessa forma.
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Professor e investigador na Universidade de Coimbra, Manuel Gameiro teve de converter-se à força ao ensino à distância. E fê-lo tão bem que lhe sobrou tempo para aprofundar este estudo: "Os modos de transmissão da Covid-19 à luz dos conceitos da qualidade do ar".
Manuel Gameiro concorda com o que tem sido feito para travar o contágio através de partículas maiores, como espirros ou gotículas, mas defende que "tanto a Organização Mundial de Saúde como a nossa Direção Geral de Saúde têm menosprezado a possibilidade de transmissão através de partículas em suspensão no ar".
Para percebermos do que estamos a falar, trata-se de algo que mede menos de 10 microns, e um micron é do tamanho de uma milésima de milímetro. Manuel Gameiro dá o exemplo do que vemos num feixe de luz quando se abre a fresta de uma janela contra o sol, "essas partículas resultam da respiração e se a pessoa estiver infetada podem transportar o vírus para o exterior. Numa sala, o vírus pode ficar assim em suspensão durante horas e a distancia de dois metros não é suficiente para evitar o contágio de outra pessoa".
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É por isso que este especialista em climatização defende que devemos evitar ao máximo partilhar espaços fechados com outras pessoas. Nos espaços partilhados, ainda que por pouca gente e com alguma distância, devem ser bem ventilados, "isso reduz a probabilidade de sermos contagiados".
No exterior, a luz do sol, através da radiação infravermelha, ajuda a eliminar o vírus. Ainda assim, sempre que nos deslocamos a lugares que tenham sido frequentados por outras pessoas "devemos usar máscara e viseira. É que a máscara não veda as partículas mais pequenas, e a viseira sim", defende Manuel Gameiro. E como fazer numa altura em que tanto as máscaras como as viseiras não chegam sequer para quem está em maior risco? Em última análise, o professor manda-nos à net "há sites onde ensinam a fazer máscaras, e para fazer uma viseira basta ter uns óculos e um acetato".