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Na sequência da denúncia de rutura no Centro Hospitalar de Setúbal e no Hospital Setúbal e Egas Moniz, em Lisboa, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses diz que estes profissionais comungam da angústia e desmotivação dos médicos e das dificuldades em serem substituídos.
Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses não tem dúvidas. Quando o governo diz que o Serviço Nacional de Saúde é uma prioridade, "não está a falar verdade".
Conhecida a notícia da demissão de 87 médicos no Centro Hospitalar de Setúbal, que constitui um "grito de revolta para a situação desesperante e de rutura em vários serviços" daquele hospital, segundo o diretor clínico Nuno Fachada, os enfermeiros sentem que também não são devidamente valorizados.

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Na manhã da TSF, as estruturas sindicais que representam os médicos não se mostraram surpreendidos com esta denúncia, porque o corpo clínico está cada vez mais envelhecido e o SNS não constitui uma alternativa a ter em conta para muitos profissionais, que se sentam mais valorizados no setor privado.
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João Proença, dirigente da FNAM, disse mesmo que a situação no Centro Hospitalar de Setúbal não caso único, dando como exemplo o Hospital Egas Moniz, onde muitas cirurgias, por falta de médicos, são encaminhadas para unidades privadas.
Confrontada com este cenário, Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, confirma que corresponde à realidade.
"Há sempre situações de rutura, nomeadamente em termos de intervenções cirúrgicas. Como sabemos há inúmeras listas de espera e não se consegue dar resposta. Portanto há instituições em situação de rutura e, por isso, também dizemos que fatores como este concorrem para a degradação do Serviço Nacional de Saúde. A propaganda que é feita no sentido da defesa do SNS encontra aqui o contrário", explicou à TSF Guadalupe Simões.
A dirigente sindical acrescenta que os enfermeiros comungam da angústia e desmotivação dos médicos, quando estes profissionais se queixam das condições salariais, da pouca atratividade do SNS e da dificuldade em atrair jovens para o setor público da saúde. Guadalupe Simões acusa o governo se fazer propaganda quando diz que o Serviço Nacional de Saúde é uma prioridade.
"A desmotivação, que tem vindo a ser crescente por parte dos enfermeiros, também os tem levado a procurar outra profissão ou, mantendo-se na profissão, a ir para outros contextos, seja para o estrangeiro ou setor privado. Isso, de facto, concorre para aquilo que é a degradação do Serviço Nacional de Saúde pela ausência de respostas que são possíveis dar mas que, por esta via, deixam de ser possíveis. Quando o Governo afirma que a prioridade é o SNS, na verdade não passa de uma mensagem propagandeada por ausência de medidas que garantam a retenção de profissionais, sejam eles médicos ou enfermeiros", acrescentou a responsável do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Ouça as declarações de Guadalupe Simões à TSF
Concluiu Guadalupe Simões que as condições oferecidas pelo SNS "retiram expectativas e esperanças" a quem pretende trabalhar em Portugal.