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Lisboa recebe esta terça-feira um seminário da Comissão Europeia sobre as lições aprendidas nos fogos florestais, no continente europeu, nos últimos anos. Na TSF, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, revelou que um grupo de 20 investigadores elaboraram um relatório sobre os grandes fogos do último verão.
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"Foram convidados todos os centros de investigação e de conhecimento do país. Criámos um grupo que tem mais de 20 cientistas e investigadores dos vários centros do país. Já apresentaram, por estes dias, o relatório preliminar que será objeto de uma leitura atenta e até final de janeiro teremos esse relatório, com a análise antes do fogo, durante o fogo e depois do fogo. Com recomendações que, nesta fase de preparação, temos de integrar na nossa abordagem e na nossa estratégia", disse o ministro em direto na TSF.
José Luís Carneiro assegurou que o Governo está a fazer o que deve: "No outono e inverno preparar o verão, porque não pode ser em cima dos acontecimentos que poderemos dar uma resposta mais qualificada."
Ouça a participação de José Luís Carneiro na Manhã TSF.
O seminário vai ser aberto pelo próprio governante que, para mostrar a evolução, fez o comparativo com os incêndios de Pedrógão Grande.
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"Temos vindo a ganhar bastante consistência no conhecimento que temos sobre os incêndios florestais e sobre a sua progressão e a sua ignição. O sistema está hoje mais capacitado do que em 2017, quanto tivemos a tragédia de Pedrógão Grande", garantiu o ministro.
E acrescenta: "Há maior cooperação entre os intervenientes e maior consciencialização da opinião pública e dos atores envolvidos no Sistema Nacional de Proteção Civil. E há mais meios técnicos, humanos e financeiros integrados no dispositivo nacional."
No seminário com outros países, todos têm "uma experiência para partilhar", já que os países menos dados a tempo quente e seco, começam a aproximar-se dessa realidade. "Em 2022, tivemos temperaturas de 47 graus, ventos superiores a 60 km/h e humidades abaixo dos 10%. Este é um cenário que se verifica em vários países da Europa e agora também nos países do norte e do centro da Europa", disse o ministro da Administração Interna, referindo que há três indicadores que sugerem o perigo de incêndio: temperaturas superiores a 30 graus, vento superior a 30 km/h e humidade inferior a 30%.
O ministro afirma que "80% dos incêndios que ardem até um hectare, o que significa que temos níveis de eficácia no combate na ordem dos 90%", já que, em 90 minutos, 90% das situações que resultam em incêndios florestais são controlados.
No entanto, existem os outros 10%, onde se enquadram os incêndios da Serra da Estrela, de Murça e Ourém.
Para melhor combater o fogo e evitar que o voluntarismo se torne um problema, é necessário que "em determinados níveis de decisão" haja sempre "um acompanhamento de níveis de especialidade e competências, nomeadamente na leitura estratégica do incêndio".
"Desde janeiro, passámos a ter os comandos sub-regionais, procurando adaptar a estrutura da Proteção Civil àquilo que já é uma organização dos próprios municípios. Porquê? Em primeiro lugar, porque é nos municípios que estão as causas e as soluções para 90% das ocorrências da Proteção Civil e porque hoje os municípios, no que tem que ver com o planeamento supramunicipal, o fazem em torno das comunidades intermunicipais. E, por outro lado, porque são as comunidades intermunicipais que fazem as candidaturas aos fundos europeus que, por sua vez, vem já disponibilizar meios, nomeadamente para a capacitação dos territórios", esclareceu José Luís Carneiro.