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O Governo criou um grupo de trabalho para estudar e combater o abandono de animais de companhia em Portugal. A primeira reunião decorre esta quinta-feira, no Ministério da Agricultura, e, além do secretário de Estado da Agricultura, conta também com a presença do bastonário da Ordem dos Veterinários e representantes da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, da Procuradoria da República e de uma associação de proteção animal.
Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, afirma estar "com muita esperança na reunião do grupo de trabalho, que já estava pedida há mais de dois anos".
Jorge Cid e o grupo de trabalho constituído para combater o abandono de animais
O bastonário defende que o problema dos animais errantes é grave e só pode ser resolvido através da prevenção do abandono.
"Não é possível que num país como Portugal, que é um país pequeno, se abandonem todos os anos 20, 30, 40, 50 mil animais. É impensável. Portanto, há alguma coisa aqui que está a falhar redondamente de base", explica.
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Em declarações à TSF, Jorge Cid considera que a solução não passa por contruir mais canis municipais, mas por olhar para a origem do problema.
"Eu espero que daqui saia um grupo de trabalho que comece a elencar todas as necessidades para que as pessoas não abandonem os animais, porque é o único esforço real e verdadeiro que se deve fazer para a problemática dos animais abandonados", afirma.
O bastonário da Ordem dos Veterinários aponta algumas medidas que podem contribuir para a redução do problema
Jorge Cid refere que os donos dos animais são muito penalizados em termos burocráticos e fiscais e isso pode contribuir para a elevada taxa de abandono.
"É o IVA de 23% nos tratamentos dos animais, obstruções para a detenção dos animais, pouco espaços verdes, especialmente nas cidades, onde as pessoas possam ir passear os seus animais, pouca capacidade de alojamento desses animais no verão", elenca.
O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários defende, por isso, a criação de um gabinete de apoio a proprietários de animais, que ajude a resolver problemas. "Não ser só coimas, mas, sim, tentar perceber as pessoas. As pessoas têm de ter um sítio onde possam pôr o seu problema. Tem de haver um apoio e não uma condenação. É sempre um crime e é sempre algo condenável, mas temos de arranjar meios para que as pessoas não façam isso,"
O bastonário lembra que o abandono de animais de estimação é um crime público e frisa que os animais errantes constituem um perigo para as populações, bem como para outros animais.