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Sem meios de tratamento, sem condições físicas adequadas e sem a mínima segurança para os profissionais de saúde. É desta forma que um grupo de médicos denuncia a área de internamento definida para os doentes Covid, no Hospital de Bragança.
Aberto há duas semanas, com capacidade para 23 camas e apenas duas casas de banho, o espaço está a receber doentes infetados que facilmente se cruzam com outros que aguardam confirmação.
É o piso 0 do edifício satélite do hospital de Bragança. As 23 camas distribuem-se por 5 quartos individuais, 3 enfermarias com 4 camas cada e uma outra com 6. Nenhuma tem pressão negativa.

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Na participação enviada à direção do hospital, na quinta-feira passada, os médicos salientam a "elevada carga vírica e consequente risco de contágio do local, onde não foram definidas nem delimitadas áreas contaminadas entre doentes, profissionais e não doentes".
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Acrescentando que não foram também estabelecidos "entradas independentes para as mesmas e que não foi assegurado equipamento de proteção individual adequado e suficiente para médicos, enfermeiros e auxiliares". Nestas circunstâncias, dizem, deveria ter sido dada prioridade "à segurança de todos mas, passadas mais de duas semanas, nada aconteceu".
O documento, que para lá de ir dirigido ao presidente do conselho de administração da ULS foi também para a diretora clínica e para o diretor de enfermagem, ressalva que os quartos não "têm ventilação nem extração de ar que permita, em segurança, ventilação não invasiva, oxigénio de alto fluxo, e muito menos entubação de doentes".

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A participação termina dizendo que "face às circunstâncias existentes atualmente, geradas pela ausência de equipamentos e condições de segurança, os doentes vão morrer por falta de assistência, sem que nada se possa fazer, nem sequer evitar um contágio geral".
A TSF sabe que os profissionais de saúde alocados àquele serviço já tiveram que fazer testes e 4 enfermeiras estão infetadas com o vírus.
Os médicos esperam uma segunda análise.

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Por vários meios a TSF tentou chegar à fala com o presidente da ULS do Nordeste mas não obteve nenhuma resposta. Para lá deste documento enviado â direção do hospital de Bragança, um outro já havia sido remetido ao presidente da República, ao primeiro-ministro, à ministra da Saúde, à DGS, e ao sindicato dos médicos, dando conta das mesmas preocupações.
