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A igreja delegou toda a organização e gestão da visita do papa Francisco na Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Foi criada em outubro de 2019, pouco depois do anúncio de que caberia a Lisboa organizar este encontro do papa com jovens de todo o mundo.
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Os estatutos mostram que a Fundação JMJ foi criada com uma dotação inicial de 150 mil euros, dinheiro do Patriarcado de Lisboa, que deverá manter-se no fundo patrimonial da fundação.
De acordo com os relatórios e contas consultados pela TSF, a igreja nunca mais pôs dinheiro na fundação e por um motivo simples: porque desde o início foi determinado que este evento deve ser "autofinanciado".
Entre vários princípios de gestão, como "sobriedade, responsabilidade, solidariedade e transparência", define-se logo em 2019 que "as despesas da JMJ serão cobertas pela participação dos peregrinos e pelo apoio de parceiros eclesiais e institucionais", leia-se, as câmaras municipais e o Governo.
No primeiro ano de funcionamento, a Fundação JMJ recebe um donativo de 500 mil euros, que é praticamente o valor que tem nas contas a 31 de dezembro de 2020. O doador não é identificado, mas é até hoje o mais generoso. Talvez, por isso, há fé neste caminho e afirma-se que em 2021 "deve ser alcançado o valor de 1,8 milhões de euros".
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Mas não se concretizou. O Relatório e Contas de 2021 só regista 349 mil euros em donativos e destaca apenas um, da Caixa Geral de Depósitos, que doou 100 mil euros.
As contas da fundação fecham 2021 com 842 mil euros e muita poupança. Os gastos pouco ultrapassam os 100 mil euros e boa parte - 65 mil - são para salários, ainda que só haja referência a um único contrato de trabalho a termo certo. Mais uma vez, há grandes expectativas para as receitas/donativos de 2022, cerca de "3 milhões de euros dos quais se conta gastar 2,9 milhões". Algo a conferir quando forem divulgadas essas contas.
Se falhar não será muito grave. No acordo de repartição de encargos com a Jornada Mundial da Juventude em Portugal foi decidido que o Governo e as autarquias iriam assumir a fatura principal, e para a Igreja Católica ficam os gastos com a "decoração dos palcos, altares e recintos", bem como com o "cenário dos eventos".
A Fundação Jornada Mundial da Juventude, apesar do nome, foi criada para durar "por tempo ilimitado" e nos estatutos está previsto que deve manter-se em funcionamento depois desta vinda do papa e cumprir o objetivo para o qual foi criada que é "dar apoio à infância e juventude".