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O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) vai ter ao serviço um supercomputador para melhorar as previsões meteorológicas em Portugal. Em março, o Atlântico entra ao serviço, depois de ter consumido mais de um milhão de euros do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).
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A inauguração do equipamento aconteceu esta sexta-feira. O supercomputador Atlântico precisa de um ar condicionado muito forte para funcionar e, para descerrar a placa de inauguração, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, teve de entrar num túnel de vento.
Depois da tormenta da inauguração, o presidente do IPMA sai em defesa do trabalho passado, presente e futuro, garantindo que a nova tecnologia vai melhorar as previsões, mas não poderia fazer nada nas chuvas que afetaram Lisboa e Porto, por exemplo.
"Se me pergunta se nós acertamos com a hora em que ia acontecer ou com a rua em que ia acontecer, não, não está ao alcance da ciência fazer isso", refere Miguel Miranda, presidente do IPMA.
O líder do instituto revela que o supercomputador vai ajudar muito a prever intempéries, tanto na terra como no mar.
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"A combinação deste sistema com a melhoria que vamos fazer no sistema de radares vai dar melhorias significativas na previsão de muito curto prazo. O sistema aeronáutico consegue utilizar a informação de curto prazo muito rapidamente. Na Proteção Civil é crescente, mas ainda não é tão rápida", explica Miguel Miranda.
O presidente do IPMA, ainda assim, dá o exemplo de "uma obra a decorrer numa zona que vai ser inundada" em que não há nada a fazer, porque percebe-se que "não há tempo suficiente para em meia hora ou 45 minutos tomar medidas".
Perante previsões meteorológicas extremas é preciso agir o mais rápido possível, mas, no final, a última palavra é de cada pessoa, quando acorda e abre a janela.
"Toda a nossa informação é escrutinada, mas não é pelos cem políticos, é pelos dez milhões de portugueses. Isso é a melhor coisa que nós podemos ter", atira Miguel Miranda.
Miguel Miranda aproveitou ainda para responder a Rui Moreira, que tinha afirmado que o que aconteceu no Porto não foram cheias, mas um fenómeno torrencial, questionando a capacidade de previsão do IPMA.
"Não temos nenhuma polémica com nenhum autarca, nem com nenhum dirigente político. Esse não é o nosso papel. Somos uma organização técnica, percebemos que pode sempre haver incomodidade sempre que uma situação meteorológica é particularmente agressiva", assume o presidente do IPMA.
Isso foi "o que aconteceu no caso do Porto", mas a situação do Porto "nem sequer é uma área de atribuição do IPMA, porque isso tem a ver com cheias, é hidrologia".
"Contudo, nós estamos aqui para fazer o melhor que somos capazes de fazer. Quando ouvimos opiniões de autarcas sobre meteorologia, eu vejo com o mesmo espírito com que espero que eles ouçam as minhas opiniões sobre urbanismo", conclui.