Museu do Côa tem a partir desta terça-feira um observatório mundial para estudar o Antropoceno

Durante três dias, no Fórum do Antropoceno, serão debatidas questões sobre "o aumento da poluição, a presença de substâncias radioativas, a evidência das alterações climáticas". Qualquer pessoa pode participar, desde que se inscreva previamente.

O Museu do Côa, em Foz Côa, tem desde esta terça-feira um Observatório Mundial do Antropocénico que pretende lançar uma agenda europeia de monitorização das atividades humanas e económicas com impacto no clima e nos ecossistemas.

Para a concretização deste objetivo foi formalizada hoje uma parceria entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia e a Fundação Côa Parque.

Presente na iniciativa, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, disse que o principal objetivo do Observatório do Antropocénico instalado no Museu do Côa é atrair estudantes de várias partes do mundo para estudar esta nova era geológica, o Antropocénico.

"Vamos lançar um concurso anual para a criação de 10 bolsas de doutoramento, para atrair estudantes de todo mundo para virem estudar este processo do Antropocénico. Hoje vivemos uma nova era geológica [o Antropoceno], a qual esta centrada na atividade humana no planeta. Para estudar esta transição são precisos mais jovens para estudar esta nova realidade geológica", defendeu o governante.

Para o ministro da Ciência, mais do que definir uma data para marcar o período do Antropocénico, é importante criar novos métodos de observação e mais conhecimentos para se perceber como atuar perante este fenómeno geológico.

"As instituições e os programas de estudo são importantes para se atuar com medidas concretas, sobretudo para se desenvolver uma economia mais circular, mais baseada na natureza porque o planeta terra tem limites", observou.

Por seu lado, a secretaria de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, disse que este território do Vale do Côa, no distrito da Guarda, com a criação do Observatório do Antropocénico assume uma nova centralidade capaz de atrair jovens qualificados e cientistas ligados ao conhecimento.

"Poluição, substâncias radioativas e alterações climáticas" em debate no Fórum do Antropoceno

O Fórum do Antropocénico 2021 está a decorrer pela primeira vez no Museu do Côa, até quinta-feira, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia. Reúne especialistas de todo o mundo, incluindo Pedro Conceição, diretor do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2020 das Nações Unidas.

O antropoceno é a palavra usada por uma parte da comunidade científica para se referir ao período mais recente da história do planeta Terra, marcada pela forte influência humana.

A presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho, explicou à TSF que as questões que serão debatidas dizem respeito "sobretudo o aumento da poluição, a presença de substâncias radioativas, a evidência das alterações climáticas".

"Em termos de assistência, é preciso fazer um registo no site e portanto serão depois distribuídos os links em que os participantes poderão assistir. Qualquer pessoa pode assistir online, desde que faça uma inscrição prévia", disse.

No âmbito desta conferência, o Ministério da Ciência já anunciou que o Parque do Côa será a sede de um observatório internacional dedicado ao estudo sobre o antropoceno. Aida Carvalho deu conta das razões da escolha.

"O Vale do Côa reúne um conjunto de atributos, nomeadamente, é o primeiro local com manifestações artísticas do Homem e também somos uma zona com características onde são evidentes as alterações climáticas", explicou.

O evento é coordenado por Maria Paula Diogo, professora e investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, e trata-se de um momento de especial relevância após a divulgação do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2020 das Nações Unidas, "The next frontier - Human development and the Anthropocene".

"Aprofundar esta problemática é cada vez mais relevante pois, entre outros aspetos, o novo coronavírus SARS-CoV-2 passou de animais para humanos e embora esse processo esteja longe de estar conhecido, sabemos que as doenças zoonóticas, ou zoonoses, têm vindo a aumentar devido à pressão que as nossas sociedades e o seu desenvolvimento económico exercem na natureza", indicam os promotores do Fórum do Antropocénico.

Segundo os investigadores, trata-se uma clara manifestação da falta de equilíbrio da influência dos seres humanos na Terra, que se expressa também através das alterações climáticas.

"Neste contexto, a eventual demonstração científica dessas relações com a pandemia com que agora vivemos exige mais conhecimento para melhor percebermos os riscos que corremos, assim como evoluirmos nesta nova era geológica do "Antropocénico", foi indicado durante o primeiro dia do evento.

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