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Os criadores de vacas da raça maronesa, no distrito de Vila Real, reivindicam o reforço da cobertura de rede móvel na Serra do Alvão. No âmbito do projeto Life Maronesa, os produtores colocaram coleiras GPS no pescoço de algumas vacas para poderem saber a localização das manadas, mas como não há sinal em todo o lado, o sistema nem sempre funciona.
O baldio da zona de Lamas, em Ribeira de Pena, onde o criador da raça maronesa Avelino Rego tem 40 vacas, ocupa uma área equivalente a quase 3000 campos de futebol. Antes de instalar coleiras GPS no pescoço das vacas passava horas à procura delas na serra. Hoje basta-lhe abrir uma aplicação no telemóvel para saber onde estão. Só não sabe quando os animais vão para zonas sem rede.
Enquanto reivindicam o reforço de cobertura às operadoras de telecomunicações, os produtores têm instalado retransmissores de sinal, no âmbito do projeto Life Maronesa. Segundo Avelino Rego, a Serra do Alvão estende-se por milhares de hectares onde "são detetadas zonas sombra, sem qualquer sinal", pelo que foi necessário "fazer o esforço de, por conta própria, colocar retransmissores". Caso contrário, "as coleiras não poderiam ser usadas".
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"O ideal seria que estas zonas fossem cobertas pelas operadoras de telecomunicações. Talvez fizesse sentido uma espécie de roaming nacional", sublinha o criador, cuja esperança recai agora na rede 5G. Pelo menos foi o que responsáveis da ANACOM anunciaram numa recente visita à Serra do Alvão.
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"Disseram-nos que, no âmbito do leilão do 5G, as freguesias da serra vão ter cobertura de rede reforçada. Estamos expectantes que assim seja", pois, prossegue Avelino, "sem uma boa estrutura de comunicações, que são as autoestradas do século XXI, ficamos numa situação de desigualdade de oportunidades".
O uso de novas tecnologias pelos criadores é apenas um dos objetivos do Life Maronesa, já que importa que as novas gerações se interessem pela atividade. Daí a necessidade de tornar o maneio logístico mais eficiente e de incorporar inovação para se manterem competitivos.
O sistema de georreferenciação das vacas é apenas uma das componentes do projeto de dois milhões de euros para cinco anos coordenado pela associação AguiarFloresta, sediada em Vila Pouca de Aguiar.
O presidente da AguiarFloresta, Duarte Marques, salienta que o objetivo é gerar produtores "voltados para o futuro, que sejam ativos na defesa dos seus interesses e que não chorem por medidas de apoio assistencialistas e de dependência". Para isso, terão de "usar novas tecnologias e programas de gestão, participar em ações contínuas de formação e ser mais agressivos no mercado".
O Life Maronesa abrange os concelhos de Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Mondim de Basto e Vila Real, que constituem o solar da raça autóctone, com um efetivo de 4000 vacas reprodutoras. O projeto visa também ajudar a combater as alterações climáticas, reduzir o risco de incêndio, quantificar a produção de biomassa nas pastagens e os efeitos do pastoreio.