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Tanto Lino Maia, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), como Manuel Lemos, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) receiam que os concursos lançados para o PRR fiquem desertos por causa dos constrangimentos e do aparente desconhecimento que a Estrutura de Missão "Recuperar Portugal" tem do setor social.
A reunião com os deputados da Subcomissão para o Acompanhamento dos Fundos Europeus e do PRR ia a meio quando Manuel Lemos (UMP) não se conteve: "Eu estava aqui a fugir a esta, mas tenho de dizer, se não morro."
Entalada na garganta do presidente da União das Misericórdias Portuguesas estava a indignação pelo desconhecimento demonstrado por quem lançou os concursos para as verbas do PRR que pareceu ignorar até a designação do setor.
Ouça a reportagem da TSF.
"Sabem como é que se chamava o aviso para a rede de cuidados continuados, quem eram os beneficiários? Eram o setor privado e o setor privado não lucrativo. Nós não somos o setor privado não lucrativo! Nós somos o setor social!" indigna-se Manuel Lemos.
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O responsável pela UMP explica que uma conversa e regras mais claras sobre quem e onde se pode candidatar aos concursos seria meio caminho andado para resolver o assunto, numa altura em que cresce a preocupação sobre a execução do PRR.
Lino Maia presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) considera que existe pouca margem para falsas expectativas e informação pouco clara.
"50% das instituições chegam ao fim do ano com resultados negativos. Não podem investir no sexo dos anjos, desculpem a expressão, andar a gastar dinheiro em candidaturas sucessivas que não são aceites. Era importante que não fossem defraudadas."
Na questão do financiamento, Manuel Lemos questiona "quem é o banco que vai emprestar a uma instituição que vive na corda bamba e quem é o responsável que se vai atravessar nesse investimento?" No caso das camas de cuidados continuados defende que menos pode ser mais:
"Temos 9 mil camas, se no fim disto ficamos, não com 14 mil, mas com 12 mil já viu o que é que isso representa no próximo inverno para os hospitais drenarem?"
Manuel Lemos (UMP) considera que tudo teria sido diferente se a Unidade de Missão "tivesse, não é mais, é um bocadinho [de diálogo], porque nunca aconteceu até hoje. Tinham de ser eles a procura-nos", desafia.
Lino Maia (CMIS) avisa que "algo tem de mudar" até para que os objetivos fixados para 2026 sejam cumpridos: "penso que é preciso fazer alguma coisa, desculpem!" desabafou perante os deputados.