Nem Espanha, Itália, Brasil ou EUA tiveram uma vaga de Covid-19 tão violenta como Portugal

Dados podem ser consultados no portal Our World in Data, desenvolvido pela Universidade de Oxford
Patrícia de Melo Moreira/AFP
Terceira vaga portuguesa é das mais fortes no mundo desde o início da pandemia. Comparando com Portugal hoje, as maiores vagas registadas em Espanha e Itália até parecem pequenas.
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A terceira vaga de Covid-19 em Portugal - de que o país se começa a livrar, mas que ainda está longe de passar por completo - foi mais forte do que qualquer uma das vagas que atingiu Itália, Espanha, Estados Unidos da América ou mesmo o Brasil desde o início da pandemia.
A conclusão é visível no site Our World in Data, desenvolvido pela Universidade de Oxford, com base em dados oficiais, pelos ângulos dos números de infeções ou de vítimas mortais - tudo numa análise per capita, ou seja, tendo em conta a população de cada país.
Máximo de mortes
Analisando a chamada média móvel dos últimos sete dias - menos sensível a variações diárias abruptas, daí ser um indicador usado por vários especialistas -, no início de abril de 2020, a Espanha atingiu um pico de 18 mortes por dia por cada milhão de habitantes. Em Itália, o pico máximo chegou - dias antes de Espanha - às 13,5 mortes.
Em Portugal, desde 21 de janeiro de 2021, há três semanas, que o número médio diário de mortos ultrapassou os 18 por cada milhão de habitantes, chegando no dia 1 de fevereiro a um pico de 28,5, descendo a partir desse momento mas continuando, ainda hoje, acima de 20 - mais do que em qualquer vaga espanhola, italiana, brasileira ou norte-americana.
No Brasil, por exemplo, a vaga de óbitos foi mais longa do que em Portugal, mas nunca se ultrapassou a fasquia diária dos cinco mortos de Covid-19 por milhão de habitantes.
Nos EUA, o máximo alcançado foram os 10 óbitos diários por milhão de habitantes.
Na prática, diluindo as vítimas por uma população muito maior, as vagas dos países anteriores foram sempre menores que esta terceira vaga portuguesa.
Máximo de diagnósticos
Se, em vez dos mortos, olharmos para os novos casos diagnosticados, há mais de três semanas que Portugal ultrapassa, também, qualquer vaga da pandemia enfrentada por Espanha, Estados Unidos, Brasil ou Itália, mas, neste caso, a comparação é mais complexa pois os países não têm todos a mesma política de testagem.
Por exemplo - de novo na média dos últimos sete dias -, Espanha enfrentou uma terceira vaga de contágios mais ou menos na mesma altura que a terceira vaga portuguesa, mas nunca, desde o início da pandemia, ultrapassou a fasquia dos 800 casos por milhão de habitantes - limite que em Portugal foi ultrapassado de 11 de janeiro a 5 de fevereiro, atingindo mesmo um pico de 1200 diagnósticos positivos no final do mês de janeiro.
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