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Em 2020 e pela primeira vez em seis anos, Portugal registou um aumento no número de pessoas em risco de pobreza. É o que consta num relatório da Pordata, divulgado no Dia Internacional Para a Erradicação da Pobreza, que se assinala esta segunda-feira.
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O documento indica que o primeiro ano da pandemia de Covid-19 teve um forte impacto no rendimento dos portugueses, com mais famílias no escalão mínimo de IRS, famílias essas que, por ano, ganham até cinco mil euros, ou seja, 416 euros por mês. São valores abaixo do limiar da pobreza, estipulado em 554 euros mensais.
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Por comparação com o ano anterior, em 2020 houve mais 58 mil famílias no escalão mais baixo, um aumento de 8,5 por cento.
Olhando ainda para o IRS, dos 5,5 milhões de agregados com declarações, quase 40 por cento recebiam perto de 830 euros. Em sentido ascendente, esteve também o número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social: mais 12,5 por cento, a primeira subida desde 2014.
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Os desempregados, as famílias com filhos e os maiores de 65 anos são os mais afetados, mesmo após a transferência de apoios sociais, como pensões de velhice ou subsídios de desemprego e de habitação.
O cenário de agravamento confirma-se noutro dado: aumentou a desigualdade nos rendimentos entre os 20 por cento mais pobres e os 20 por cento mais ricos.
Feitas as contas, em 2020, a pobreza atingia 18,4 por cento da população.
A Pordata nota ainda que a pandemia fez com que Portugal recuasse no comboio europeu no que diz respeito aos indicadores de pobreza: o país caiu vários lugares entre os 27. É agora, por exemplo, o segundo com mais pessoas a viver em más condições materiais e o quinto com mais pessoas incapazes de aquecer a própria habitação.