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Um avião sobrevoa o microfone da TSF, em direto a partir de Camarate (junto ao aeroporto de Lisboa), e também um microfone da associação ambientalista Zero, ligado a um sensor para medir o nível de ruído. O computador indica que foram atingidos 80 decibéis (dBA), bem acima do limite legal para zonas mistas (como é o caso em termos de classificação legal) de 65 dBA durante o dia.
"Durante os seis dias em que estivemos a realizar mediçõesregistaram-se em média níveis de ruído nove decibéis acima do que é legalmente suposto", revela Acácio Pires, ativista do grupo de Clima, Energia e Mobilidade da Zero. No decorrer da ação "decibéis a mais, o inferno nos céus", os limites foram ultrapassados todos os dias tanto para a média ponderada de 24 horas como para o período noturno.
Ouça a reportagem em direto de Camarate
O excesso de ruído, afirma Acácio Pires, tem consequências para a saúde, associado a problemas como depressão, doença cardiovascular ou dificuldades de aprendizagem nas crianças.
Numa altura em que se discute a localização do novo aeroporto de Lisboa, "esta é uma oportunidade para resolver de forma definitiva a questão, relocalizando o aeroporto num local adequado", defende o ambientalista.
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Pedro Nunes, analista da Zero, acrescenta que o regime de restrição de voos noturnos "continua a ser não ser cumprido".
No período noturno - entre as 00h00 e as 6h00 - só deviam realizar-se, no máximo, 91 voos semanais, mas só na última semana registaram-se 140 voos.
A associação já tinha constatado em 2019 que o regime de voos noturnos em vigor no Aeroporto de Lisboa estaria a ser violado e, nesse contexto, enviou um pedido de investigação e de atuação em conformidade à Autoridade Nacional de Aviação Civil.
Além disso, ao abrigo da lei, vários imóveis deviam ser insonorizados, mas a associação ambientalista não tem registo de que essas obras estejam a ser feitas.
Pedro Nunes apela ao cumprimento da lei
Estima-se que 150 mil pessoas em Lisboa sejam afetadas pelo ruído dos aviões e a associação recebe muitas queixas de moradores. Para facilitar o processo, a Zero lançou um formulário online para que os cidadãos possam exercer o seu direito de reclamar sobre o ruído provocado pelo tráfego aéreo. Pode preenche-lo aqui.