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A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca o exemplo de Portugal como um país que encontrou uma forma "inteligente, corajosa e eficaz" de combater a obesidade infantil ao aplicar novas taxas sobre as bebidas açucaradas.
A nota publicada no site da OMS refere que, em 2016, mais de 80% das crianças portuguesas entre os seis e os oito anos bebiam refrigerantes, sendo que essa era uma das grandes causas da elevada taxa de obesidade infantil no país.
Apesar de ainda não existirem números conclusivos, a OMS tem um programa que segue a evolução desta taxa ao longo de 12 anos e garante que é já notória uma quebra sustentada da obesidade entre os menores portugueses.
A organização destaca a coragem das autoridades portuguesas ao enfrentar uma indústria - a das bebidas açucaradas - mais preocupada com o lucro do que com a saúde das crianças.
Ouvida pela TSF, a diretora do programa de alimentação saudável Maria João Gregório refere que, curiosamente, é graças à alteração dos comportamentos da indústria que se estão a conseguir os maiores ganhos. Tudo começou, explica, com a criação de dois escalões de novos impostos em 2017.
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"As bebidas que tinham uma quantidade de açúcar mais elevada pagavam mais. Houve, na verdade, um trabalho por parte das empresas do setor para tentar reduzir o teor de açúcar destas bebidas para poderem ficar a pagar um valor inferior. Naturalmente, isto reflete-se no consumo, porque ainda que os portugueses estejam a consumir a mesma quantidade destas bebidas, estão a consumir uma menor quantidade de açúcar", adianta à TSF.
Desde o ano passado, em vez de dois, foram criados quatro escalões de impostos. Desta forma, a indústria das bebidas doces entrou numa espécie de concorrência consigo própria e reduziu o teor de açúcar das bebidas.
Os primeiros resultados do impacto destas taxas no corpo e na saúde das crianças portuguesas está previsto para o próximo mês de junho.