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Em terreno da freguesia local não foi detetado qualquer foco, o que leva a autarquia a entender que se trata de uma origem a montante. Há espuma a boiar na água e aqui e ali um peixe morto.
Os pescadores, que chegaram cedo para lançar isco, estão conscientes de que não podem comer o peixe que pescam. É isso que conta à TSF, Celso Silva, que ainda não eram 6:30 e já lançava o anzol à água. "Estão poluídas", diz-nos sem rodeios. "Só pesco por desporto. O peixe vem com manchas de sangue nas guelras", acrescenta.
Ouça a reportagem no local com pescadores
O alerta para a última situação foi lançado por Jorge Almeida, presidente da Câmara Municipal de Águeda, que pede a intervenção do ministério do Ambiente e da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), entre outras entidades. Esta manhã, à TSF, Carlos Miguel Lemos, presidente da junta de Freguesia de Fermentelos, contava que o problema está no rio Cértima, que nasce na Serra do Buçaco e percorre toda a Bairrada até à Pateira de Fermentelos. Ao contrário do rio Águeda, onde este desagua, e do rio Vouga, onde as águas chegam depois, o Cértima "é considerado pela APA como um rio a vermelho, o que significa que tem poluição", assegura Carlos Lemos.

Carlos Lemos, presidente de Junta de Fermentelos
© Miguel Midões/TSF
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O presidente de Junta fala que esta suposta descarga ilegal do fim de semana foi denunciada pelos atletas federados de canoagem, que treinam neste espelho de água, pois foram vítimas de problemas de pele e de irritação nos olhos.

Foram os atletas de canoagem que deram o alerta
© Miguel Midões/TSF
O nível das águas da Pateira de Fermentelos também é um problema. Noutros tempos, a profundidade chegava aos 5 metros e atualmente ronda o 1,5m, o mínimo exigível para que aqui se possa montar, no verão, a pista para os aviões de combate aos incêndios. As autoridades locais reclamam o desassoreamento da lagoa, mas também aqui apelam a uma intervenção do Estado, para que acelere o processo.
Ouça a reportagem da TSF
Como não há duas sem três, a Pateira de Fermentelos tem ainda o problema das espécies invasoras, como os jacintos. Para isso, existe uma máquina, à qual localmente chamam de "pato bravo" para limpar os jacintos, nesta área protegida, mas cujos custos de utilização e manutenção estão a ser suportados pelas autoridades locais.
Habitualmente, a água da pateira é escura e esverdeada, motivado pelo facto de serem águas (quase) paradas, mas a espuma nas margens é um mau indicador. A autarquia de Águeda quer que o ministério do Ambiente abra um inquérito às descargas poluentes, falando em negligência e crime.

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