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Os portugueses estão mais disponíveis para aceitar líderes autoritários. Um estudo publicado esta sexta-feira no jornal Expresso revela que essa tendência tem vindo a crescer desde 1999.
Em 1999, metade dos inquiridos considerava mau ou muito mau ser governado por um líder autoritário que não responda perante o Parlamento ou o voto popular. Em 2008, cerca de 40% dos portugueses davam uma avaliação negativa a um líder desse tipo. No ano passado, esse número passou para 37%.
Um estudo que vem esta sexta-feira no Expresso revela também que 63% dos portugueses aceitariam um "líder forte".
Estes dados, que fazem parte do estudo "Os valores dos portugueses", conduzido por Alice Ramos e Pedro Magalhães, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, mostram também que esta maior disponibilidade dos portugueses para regimes autoritários, tecnocráticos ou militares anda lado a lado com uma avaliação crescentemente positiva da democracia.
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Quase nove em cada dez dos inquiridos afirmam que ter um sistema político democrático é uma maneira boa ou mesmo muito boa de governar o país.
Os investigadores consideram que esta contradição pode estar relacionada com uma noção pouco correta entre os inquiridos do que é a democracia.
Esta tolerância cada vez maior para com governos não democráticos não é um exclusivo de Portugal, mas o país surge muito próximo de países do leste europeu, onde ainda imperam alguns regimes autoritários. Portugal aparece na 10.ª posição, depois de países como a Macedónia, Azerbaijão ou Arménia.
O estudo olhou também para os grupos que os portugueses não querem ter como vizinhos. Entre os mais indesejados estão as pessoas ciganas, os alcoólicos e os toxicodependentes. São grupos que se destacam bastante, ficando a um terço da distância registada em relação a judeus, muçulmanos e homossexuais. A investigação revela ainda que os portugueses estão entre os mais desconfiados da Europa.