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O primeiro-ministro justifica as medidas com a necessidade de travar a pandemia, não ficando impávido perante o aumento do número de casos depois de já ter afirmado, em entrevista ao Público, que era necessário um abanão. Esta é uma estratégia que para Tiago Correia, doutorado em Sociologia e investigador no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, é errada.
Para o especialista, a mensagem de António Costa, reforçada esta quinta-feira em Bruxelas, é errada e abre caminho para uma desresponsabilização do Governo no agravamento da pandemia.
"Este caminho só nos leva a um lugar e é isso que me preocupa se essa for uma estratégia política deliberada: responsabilizar-nos a todos nós, individualmente, pelo fracasso e falhanço. As declarações que o primeiro-ministro fez hoje vão muito neste sentido e fiquei dececionado quando o primeiro-ministro do meu país aponta que o caminho está definido e que, se as coisas não correm bem, a culpa é nossa", explicou à TSF Tiago Correia.

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Na opinião do investigador, as novas medidas, que entram em vigor esta quinta-feira, pecam por tardias, são desastrosas e os portugueses estão cansados.
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"Esta punição é uma péssima estratégia normalmente, ainda para mais numa situação de emergência sanitária e onde as pessoas já estão muito cansadas e desgastadas. A mensagem política já estava muito descredibilizada. Portanto, ou as coisas são alteradas a tempo ou, politicamente, torna-se muito difícil para o Governo - em concreto para o primeiro-ministro - suportar o que aí pode vir porque acho que os efeitos perversos são significativos", acrescentou o doutorado em Sociologia.
O especialista defende que o Governo devia comunicar com o país em vez de optar por uma política de choque e de punição. O investigador considera que faz falta mais e melhor informação sobre o controlo da Covid-19.

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