Liga Portuguesa Contra o Cancro e Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos preocupadas com o futuro das crianças da única unidade do país de cuidados continuados e paliativos pediátricos.
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A Liga Portuguesa Contra o Cancro e a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos avisam que não existe em Portugal nenhuma outra unidade que possa receber, com a mesma qualidade, as crianças que hoje são acompanhadas no Kastelo, a primeira unidade de cuidados continuados e paliativos para crianças e jovens dos zero aos 18 anos.
A Entidade Reguladora da Saúde confirma à TSF, depois de uma notícia da SIC, que em novembro e dezembro recebeu inúmeras queixas e fez uma ação de fiscalização que levou a emitir um projeto de deliberação para suspender a autorização de funcionamento da unidade do Kastelo que funciona em Matosinhos.
A IPSS NoMeiodoNada, responsável pelo Kastelo, tem dez dias para responder (num prazo que pode ser prorrogado com um pedido fundamentado) e provar que não cometeu as falhas que lhe são apontadas ou corrigi-las de forma categórica.
Nenhuma alternativa é boa
A Ministra da Saúde já garantiu que o Serviço Nacional de Saúde está em condições de assegurar o internamento das crianças do Kastelo, onde existem 37 camas, caso a unidade tenha o seu funcionamento suspenso.
A vice-presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, especialista na área pediátrica, acrescenta, contudo, à TSF, que se o Kastelo fechar não existe nenhuma alternativa tão boa em lado nenhum do país para acolher estas crianças com doenças graves.
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A responsável da Associação admite que nenhuma alternativa disponível será boa para estas crianças que nunca terão, fora do Kastelo, mesmo num serviço de pediatria, acesso às mesmas terapêuticas: "As crianças estão no Kastelo porque é aí que têm uma resposta melhor para os seus problemas".
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Ana Lacerda acrescenta que as soluções em cima da mesa poderão ser o regresso ao domicílio para terapêuticas em ambulatório, internamentos em serviços de pediatria ou, em último caso, numa unidade de paliativos para adultos.
Liga Contra o Cancro pode ajudar (a longo prazo)
O presidente do Núcleo Regional do Norte da Língua Portuguesa contra o Cancro, Vítor Veloso, admite que também está preocupado, pois não está a ver onde poderão ser colocadas as crianças do Kastelo caso a unidade feche.
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Vítor Veloso diz que para receber estas crianças é preciso especialistas que não se encontram facilmente e admite que aquilo que leu sobre o caso do Kastelo "não é nada simpático", pois há falhas que não deviam acontecer.
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A médio ou longo prazo, num projeto bem estruturado, e se de facto se confirmarem as conclusões iniciais da Entidade Reguladora da Saúde, a Liga Portuguesa Contra o Cancro admite fazer um protocolo com o Estado para acolher as crianças que hoje estão no Kastelo.
O Kastelo tem, desde outubro, 37 camas, 17 de cuidados pediátricos e 20 de ambulatório.
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A Entidade Reguladora da Saúde confirma ter recebido "diversas denúncias e reclamações" sobre "irregularidades", que levaram a uma inspeção e à emissão de um "projeto de deliberação" para suspender o funcionamento daquela unidade de cuidados pediátricos. Numa conferência de imprensa realizada à porta da associação, um grupo de cerca de 20 pais manifestou na terça-feira a sua "indignação", considerando que as acusações que estão a ser feitas à direção têm "razões políticas".