Seca, calor e granizo arrasaram 80% da maçã em Carrazeda de Ansiães

Nem todos os pomares têm quebras tão avultadas, mas os prejuízos são comuns aos produtores de cerca de 30 mil toneladas em anos normais.

A seca, o granizo e as ondas de calor comprometeram a produção de maçã em Carrazeda de Ansiães, o concelho que mais produz no Nordeste Transmontano - em média, 30 mil toneladas anuais. O Município dedica-lhe uma feira, este fim de semana, a par do vinho e do azeite, mas os produtores não têm motivos para festejar.

Ainda não há uma estimativa global das quebras, mas em alguns pomares pode chegar aos 80%. Quem já anda na apanha da fruta não se lembra de um ano tão mau. Alice Sobral e Constança Lopes são as únicas trabalhadoras locais que Luís Vila Real conseguiu contratar para a colheita deste ano. Os outros 10 companheiros são indianos. "A maçã é muito pequena, o balde demora muito tempo a encher", diz Constança, enquanto Alice frisa que não se lembra de "maçã tão fraca".

Luís Vila Real é o presidente da Associação da Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães, que tem 250 associados. Anda a colher a maçã num pomar junto à aldeia de Selores, no concelho de Carrazeda, e não tem dúvidas que 2022 não é ano para festejar seja o que for, já que "a quebra de produção é generalizada".

Nem todos os pomares foram afetados da mesma forma, nomeadamente pelo granizo e pelo calor, por isso ainda não há uma estimativa global das quebras. Todavia, 2022 vai ser ano de lamentar perdas importantes, em alguns casos na ordem dos 80%.

Para se ter uma ideia, Luís Vila Real dá o seu exemplo: "num ano médio, deveríamos produzir 1.200 toneladas. Em 2022 nem metade vamos conseguir. E dessa metade, se conseguirmos aproveitar 20% para o mercado já será muito. Como se não bastasse, com calibres são inferiores ao normal".

A culpa é atribuída à "escassez de chuva e água para rega, à queda de granizo na primavera, às ondas de calor sucessivas que provocaram escaldão na fruta, calibres muito pequenos, para além de os custos de produção estarem sempre a aumentar".

O preço que é pago ao produtor pela maçã considerada boa para o mercado em fresco ronda "30 a 32 cêntimos por quilo". Se for para a indústria fica nos "sete cêntimos". E isto, dizem os produtores, "não dá sequer para pagar a colheita".

A Câmara de Carrazeda de Ansiães organiza, entre ontem e amanhã, a Feira da Maçã, Vinho e Azeite, que já vai na 25ª edição. O objetivo é promover estes principais produtos da economia concelhia, que no seu conjunto, geram um impacto de "23 milhões de euros", segundo dados do presidente da Câmara Municipal, João Gonçalves. No concelho de Carrazeda, 800 hectares estão ocupados por macieiras, 2.800 por vinha e 1.920 por oliveira.

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