A CGTP promete ser a voz dos que não podem estar na rua, por considerar que os "trabalhadores estão a sofrer um ataque brutal".
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É o primeiro discurso do Dia do Trabalhador como líder sindical. Isabel Camarinha, secretária geral da CGTP, não tem dúvidas de que este 1 de Maio vai ficar para a história. Como habitualmente, vai discursar na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, mas desta vez não terá à sua frente milhares de trabalhadores. Isabel Camarinha diz que o distanciamento social vai ser cumprido, garante que a mensagem e a defesa dos direitos dos trabalhadores vai fazer-se ouvir.
"É sem dúvida um 1º de Maio diferente, mas diferente só na forma, porque para a CGTP é um dia em que como sempre estaremos a dar voz e na linha da frente da defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores", começa por dizer.
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Isabel Camarinha explica que a data tem, este ano, "particular importância, porque a situação dos trabalhadores é complexa e difícil, os trabalhadores estão a sofrer um ataque brutal aos seus direitos e precisamente no 1 de maio não vamos realizar as manifestações, concentrações e desfiles que trariam para a rua centenas de milhares de trabalhadores mas vamos realizar iniciativas em que os que aqui, ainda que com uma participação limitada, serão a voz dos que estão nas suas casas, no trabalho"
A ACGTP vai "exigir emprego, salários e os direitos que estão a ser atropelados nas empresas e vamos exigir medidas que garantam os postos de trabalho e a totalidade da retribuição dos trabalhadores e o cumprimento dos seus direitos a todos os níveis".
"Há milhares de trabalhadores em layoff ou desempregados e na casa de milhares de trabalhadores temos a fome a entrar novamente", sublinha.
Questionada sobre as medidas adotadas pelo governo para fazer face a estas dificuldades, Isabel Camarinha considera que "têm sido muito desproporcionais, muito mais a favor das empresas. São medidas que não garantem a proibição dos despedimentos e o pagamento da totalidade da retribuição aos trabalhadores. A situação é extraordinária e as medidas tinham que ter sido extraordinárias, mas o governo optou por ficar ao lado das empresas e do capital e não a favor dos trabalhadores".
Preocupações que vão fazer parte da mensagem da CGTP para o Dia do Trabalhador. "Vamos ter iniciativas em 24 localidades e num vasto programa nas páginas da internet e nas redes sociais, em que todos os que não podem participar fisicamente nas iniciativas podem participar de forma virtual".
A secretária geral da CGTP afirma que estão garantidas as condições de segurança, para respeitar o distanciamento social. As pessoas de risco, reformados, idosos, crianças não podem estar presentes, "garantimos o distanciamento sanitário e a proteção individual para todos os que estejam presentes. Nas nossas iniciativas há uma distância de segurança entre todos os participantes e que será superior à recomendada pela DGS, com quem temos conversado, e temos estado em articulação com as forças de segurança. Esta participação será muito dirigida e limitada".
Isabel Camarinha afirma que "a precariedade que já existia deixou os trabalhadores ainda mais frágeis para enfrentar este surto, se as opções dos sucessivos governos fossem diferentes deixariam os trabalhadores mais fortes. Por exemplo, o investimento nos serviços públicos teria permitido ter hoje um SNS mais forte para enfrentar este surto. No 1º de Maio estaremos na rua a dar voz a todos!".
A pensar no futuro, a líder sindical espera que em 2021 as ruas voltem a encher-se com milhares de trabalhadores. "Temos confiança que vamos ultrapassar a situação epidémica e melhorar as condições de trabalho e de vida no nosso país. Em 2021 contamos que os trabalhadores possam livremente vir para a rua".
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