Tráfico de pessoas no Alentejo. Associação de agricultores acusa Estado de falhar fiscalização

Polícia Judiciária desmantelou esta quinta-feira uma rede de tráfico humano que operava no Alentejo. Origem do problema está na falta de controlo, defende a Associação dos Agricultores do Baixo Alentejo.

O presidente da Associação dos Agricultores do Baixo Alentejo, Francisco Palma, acusa o Estado de estar a falhar no controlo dos migrantes que chegam a Portugal.

Depois da megaoperação desta quarta-feira no Alentejo que levou à detenção de 35 pessoas suspeitas de tráfico humano numa rede criminosa internacional, Francisco Palma sublinha que o problema não é de agora: Portugal é usado como porta de entrada para a imigração na Europa.

"Existem muitos imigrantes que passam os dias, muitas vezes sem trabalho, a andar pelas ruas da cidade ou das aldeias. Leva a crer que Portugal é uma porta de entrada para a emigração se fixar na Europa", aponta, em declarações à TSF.

Para Francisco Palma, "que é preciso é que as autoridades competentes, o SEF faça um controlo das fronteiras mais rígido para que não exista este fluxo migratório que está a acontecer que é desproporcionado. Essas coisas têm que ser resolvidas ao nível da legislação, ao nível de quem tem competências para legislar e para poder prevenir que este tipo de situações se criem".

Na origem do problema está também a possibilidade de criar empresas "na hora", sem qualquer controlo, defende o presidente da Associação dos Agricultores do Baixo Alentejo, que acusa o Estado de falhar na fiscalização.

"São as máfias que trazem esses migrantes para os países, neste caso para Portugal, que são os próprios naturais desses países que exploram os seus conterrâneos. Não há aqui um processo de exploração por parte de portugueses ou de agricultores por esta mão-de-obra, esse problema já existe no sítio de origem, seja lá de onde eles vierem."

A PJ deteve esta quarta-feira 35 pessoas pertencentes a uma rede criminosa que contratava trabalhadores estrangeiros para a agricultura no Baixo Alentejo. Os detidos são maioritariamente estrangeiros, mas também portugueses que lhes davam apoio, e estão "fortemente indiciados" pela prática de crimes de associação criminosa, tráfico de pessoas, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, entre outros crimes.

Francisco Palma garante que o desmantelamento desta rede criminosa não vai ter reflexos na atividade dos agricultores do Baixo Alentejo.

A mão de obra nacional não existe, por isso é preciso recorrer a mão-de-obra estrangeira, explica. "É evidente que os agricultores e as empresas agrícolas pagam aquilo que é de lei às empresas de prestação de serviços", que por sua vez podem não pagam devidamente aos trabalhadores.

"Tem que tem que haver maior escrutínio na parte de como é que essas empresas de prestação de serviços operam aqui no território", reforça.

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