Empresários e Empresárias são o "exemplo de recuperação e resiliência" em Portugal
Os riscos sem precedentes que a economia hoje vive requerem programas de investimento igualmente excecionais. A importância do PRR e do PT2030 e os desafios inerentes aos investimentos empresariais foram o mote para a Millennium Talks Aveiro. Recorde os melhores momentos do debate.
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Pandemia. Guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Crise energética. Inflação. Transição energética. É este o contexto a que o PRR e o PT2030 têm de dar resposta. Embora desenhados para apoiar o tecido empresarial e fortalecer o crescimento económico, cumprir estes programas também acarreta desafios para as empresas. Foram estes os temas que levaram mais de 400 empresários a encherem a Casa da Cultura de Ílhavo, para assistirem às Millennium Talks Aveiro.
A Talk realizou-se a 16 de setembro e juntou Miguel Maya, Presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp, António Costa, Primeiro-Ministro de Portugal, Gonçalo Regalado, Diretor de Marketing de Empresas, Negócios e Institucionais do Millennium bcp, Armando Levi Silva, Presidente do Conselho de Administração da RODI; Armindo Monteiro, Vice-Presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal; Hermano Rodrigues, Principal da EY-Parthenon; Valdemar Duarte, Diretor Geral da AGEAS Pensões; Paulo Barradas, Chief Executive Officer da Bluepharma; e Rui Lopes, Presidente da Inova-Ria, e João Nuno Palma, Vice-Presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp.
Miguel Maya abriu os trabalhos reforçando a "atual crise, com epicentro nos custos energéticos", aliada às consequências ainda bem presentes da pandemia. "Nos finais de 2021, eram já visíveis os efeitos da pressão inflacionista decorrente das perturbações nas cadeias logísticas globais, do encarecimento da energia e, também, da pressão da procura resultante do ritmo da retoma. Esses desafios, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, foram exacerbados e ampliados a outros fatores, tais como fertilizantes e bens alimentares, e, progressivamente, foram afetando a generalidade dos bens consumidos por famílias e empresas", rematou.
Embora as provações sejam muitas, "a capacidade de recuperação, quer em 2021, quer em 2022, dá-nos absoluta confiança de que podemos chegar a 2026, no final desta legislatura, com uma dívida em que não pesa mais de 100% do PIB bruto", afirmou o Primeiro-Ministro António Costa, na sua intervenção.
Um dos "instrumentos fundamentais" que Portugal tem ao seu dispor para cumprir este objetivo é "a conjugação do PRR e do PT2030", disse o Primeiro-Ministro. "Entre as verbas previstas no PRR e no PT2030, comparando com as disponibilizadas exclusivamente para as empresas no quadro do PT2020, que ainda estamos a concluir, há o aumento de 90% das verbas destinadas exclusivamente ao tecido empresarial. É passarmos de cerca de 5,7 mil milhões para 11 mil milhões de euros de recursos financeiros a fundo perdido", reforçou António Costa.
O otimismo que o Primeiro-Ministro demonstrou no início da Talk não esmoreceu no decorrer da sua intervenção: "Ao longo deste período de execução, quer do PRR, quer do PT2030, não tenho dúvidas de que o sistema empresarial estará capacitado para absorver os 11 mil milhões de euros que estão disponibilizados para investir, em particular, nas duas áreas que a UE definiu como os grandes motores da transformação da economia europeia durante a década: a transição climática e a transição digital".
Face a estas oportunidades únicas, os empresários têm de ser apoiados. Para tal, o Millennium bcp criou a Plataforma M2030, que funciona online, de forma segura e liga "as empresas, os consultores e o Banco". "Sabemos que estes são players essenciais nestes projetos e que é preciso ter uma ligação muito próxima destas três entidades para que depois, com simplicidade, tenhamos acesso direto às plataformas do Portugal2030, para que todos consigamos a melhor execução dos projetos", referiu Gonçalo Regalado, o terceiro interveniente do dia.
O M2030 inclui "acessos com visualização codificada aos consultores, dados pelos empresários. Mapas de investimento com acompanhamento da performance e do tempo decorrido. E, por fim, o arquivo digital de todos os documentos, todas as faturas e comprovantes", concluiu o Diretor de Marketing de Empresas, Negócios e Institucionais do Millennium bcp.
A par dos apoios, existem diversos desafios que as empresas terão de enfrentar nos seus investimentos. Para discutir os principais desafios, Joana Petiz, Diretora do Dinheiro Vivo, moderou o painel que juntou diversos empresários. Valdemar Duarte foi o primeiro a intervir, destacando a inflação como o maior obstáculo. Já Armindo Monteiro criticou o pacote de medidas de apoio às empresas anunciado pelo governo a 15 de setembro. O Vice-Presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal considerou-as "paliativas" e inconciliáveis com a ambição dos empresários. Por outro lado, defendeu a aposta na produtividade, na criação e inovação na indústria e "uma economia baseada no conhecimento".
Paulo Barradas apontou o dedo à relação entre setor privado e ensino superior, exemplificando a precariedade em que vivem os doutorados portugueses: "Ainda se veem poucos doutorados nas empresas. Veem-se doutorados em condições precárias, a trabalhar com bolsas e sem saber como é que será daqui a dois ou três meses". Armando Levi concordou que as empresas devem apostar nos talentos nacionais em vez de os importar. Pelo contrário, Rui Lopes abordou a ausência de mão-de-obra existente em Portugal. "Precisamos de imigrantes", declarou o Presidente da Inova-Ria. Hermano Rodrigues esteve de acordo: "Nós não temos pessoas para o que queremos fazer. E precisamos de fazer muita coisa. Talvez o maior desafio da economia portuguesa seja o demográfico, o envelhecimento da população", a par da urgência, da parte das empresas, de "aumentar de forma muito significativa a produtividade".
Para resolver este segundo ponto, "o modelo das agendas para a inovação empresarial são um bom modelo" porque estão orientadas para o que o mercado internacional quer e precisa. "Não tenho dúvida que, se nos internacionalizarmos muito mais, pela via do investimento direto no estrangeiro, vamos desenvolver muito a nossa economia", sublinhou o Principal da EY-Parthenon. Por fim, evidenciou a importância da profissionalização da gestão das empresas essencialmente familiares.
A Millennium Talks Aveiro terminou com a intervenção de João Nuno Palma. O Vice-Presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp assegurou o posicionamento do Millennium bcp como "o banco do PRR em Portugal". "Vamos continuar a ser o banco principal do dia-a-dia das empresas. Somos um banco de relação. Privilegiamos relações de longo prazo com base na confiança recíproca. Temos o maior número de competências do PRR e do PT2030", declarou. Elogiou o trabalho do tecido empresarial, pois "se existe em Portugal um exemplo de recuperação e resiliência são os empresários e empresárias portugueses". E, dirigindo-se diretamente aos empresários a assistir à Millennium Talks Aveiro: "Contamos sempre convosco para juntos recuperarmos a economia portuguesa".