Millennium Talks: crescimento da economia em 2022 "é mérito do tecido empresarial"
A resiliência da economia portuguesa foi desafiada de uma forma nunca imaginada. A pandemia, a guerra e a inflação testaram os limites do país e mostraram a capacidade de preservação das empresas. Foi isso que se analisou nas Millennium Talks. Recorde os melhores momentos.
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Portugal irá receber nos próximos anos fundos europeus no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do PT2030. Uma parte destes apoios será destinada às empresas nacionais, para repor o seu crescimento sustentado. Este tema, assim como os desafios encontrados pelo tecido empresarial nos últimos tempos, estiveram em destaque na mais recente edição das Millennium Talks.
Esta edição do evento, com o apoio editorial da TSF e do Dinheiro Vivo, decorreu na manhã do dia 24 de março e contou com a presença de Miguel Maya, Presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp, Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, Gonçalo Regalado, Diretor de Marketing de Empresas, Negócios e Institucionais do Millennium bcp, António Poças, Presidente da NERLEI, Luís Febra, CEO do Grupo SOCEM, Nélia Saraiva, Administradora da VIGOBLOCO, Nelson Machado, Administrador do Grupo AGEAS Portugal, Paulo Fernandes, Administrador do Grupo NOVAGENTE, Rosália Amorim, Diretora do Diário de Notícias e presente na qualidade de moderadora, Pedro Cilínio, Secretário de Estado da Economia, e João Nuno Palma, Vice-presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp.
Miguel Maya foi o primeiro orador a ter a palavra, perante uma audiência com perto de mil empresários e convidados, destacando o facto de "todos querermos um Portugal mais justo e inclusivo, mais próspero e equilibrado, capaz de formar, atrair e reter talento". No entanto, admitiu que isto "só é possível de alcançar, se dispusermos de um ambiente de negócios favorável, de instituições credíveis e eficientes e de um tecido empresarial com condições para gerar a prosperidade necessária, que seja capaz de competir à escala global". O Presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp não pôde deixar de referir também que, apesar da situação atual, o PIB cresceu em 2022 e o "mérito é do tecido empresarial".
"O ponto forte da nossa economia, que permite que as nossas empresas sejam líderes a nível europeu e empresas que fazem a diferença, são as pessoas"
Na sua intervenção, a Ministra da Coesão Territorial quis deixar duas palavras a quem a ouvia: "gratidão e reconhecimento" pelo trabalho desenvolvido. Ana Abrunhosa afirmou que "2022 registou, talvez, um dos melhores anos de investimento privado e isso é o reconhecimento de que as empresas não desistem e não baixam os braços, apesar das dificuldades. Aliás, é conhecido, na teoria económica, que é em períodos de dificuldade que os grandes empresários e os que têm mais visão fazem os seus investimentos mais estruturantes".
Só o investimento consegue criar competitividade e levar Portugal para um patamar superior, que permita que toda a população tenha uma vida melhor e que garanta que as próximas gerações tenham orgulho daquilo que lhes é deixado, como afirma Gonçalo Regalado, que tenha na produtividade uma medida imprescindível. "Os países devem ser medidos pelo que é a sua produtividade, pois ela é quase tudo na riqueza das nações. Essa produtividade mede-se pela quantidade de valor criado por cada um dos colaboradores das empresas", afirmou. Em Portugal, temos pontos muito fortes, como a eficiência das infraestruturas, "mas temos também desafios que temos de melhorar, como a competitividade do nosso mercado, a estrutura económica das nossas empresas ou a estrutura social do tecido empresarial", destaca o Diretor de Marketing de Empresas, Negócios e Institucionais do Millennium bcp.
Antes de terminar a sua intervenção, Gonçalo Regalado referiu que ouve constantemente de empresários, portugueses e estrangeiros, que "o ponto forte da nossa economia, que permite que as nossas empresas sejam empresas líderes a nível europeu e empresas que fazem a diferença, são as pessoas". E isso só pode ser motivo de orgulho.
Na fase de debate, moderado por Rosália Amorim, foram discutidos os Principais Desafios de Investimento Empresarial do País. António Poças foi o primeiro a intervir e assumiu que as empresas têm algumas responsabilidades nas barreiras às oportunidades que existem. Além disso, a escala das empresas, "por serem pequenas", e o "facto de alguma maneira estarem descapitalizadas" são outras das barreiras a essas oportunidades. Já Luís Febra acredita que a "cooperação é um fator determinante para podermos ser mais competitivos no mercado internacional. Trabalharmos de forma mais cooperativa é algo que falta", assim como mais apoio às tesourarias por parte do Governo.
Apesar de essa falta de apoio às tesourarias, Nélia Saraiva defendeu que existir o PRR já é um grande exemplo de que vão, de facto, existir grandes oportunidades. O mesmo acontecerá com o PT2030. A administradora da VIGOBLOCO falou pelo setor da construção, uma vez que "grande parte desses incentivos também estão direcionados para a construção e reabilitação de habitações, escolas e hospitais, assim como à digitalização e transformação digital". Se Nélia Saraiva falou pela sua área de negócio, Nelson Machado, Administrador do Grupo AGEAS Portugal, fez o mesmo e ressalvou a importância de as empresas estarem seguradas: "Se queremos avançar, tranquilos, para projetos transformadores, para soluções de longo prazo, para aproveitar os apoios referidos, temos de estar protegidos para os riscos". Além dos seguros mais comuns, como o de saúde, que é um dos mais apreciados pelos colaboradores, é preciso ter, por exemplo, seguros de vida "que protegem os empresários, pois a perda de uma pessoa-chave pode ser o fim de uma empresa", disse.
Neste debate participou ainda Paulo Fernandes, do Grupo NOVAGENTE, que apelou à "simplicidade e energia positiva: temos de ser simples nas organizações, nos processos, temos de estar próximos das equipas, temos de pensar o que é e o que não é estratégico", só assim se conseguem ultrapassar os desafios, concluiu.
Perto do fim desta 4.ª edição da Millennium Talks, Pedro Cilínio mostrou-se satisfeito por, "neste contexto desafiante", os sinais da economia portuguesa "continuarem positivos" e com tendências de melhoria, principalmente se se continuar a apostar num conjunto de prioridades: "Começo por destacar a inovação dos produtos e processos para acrescentar valor e criar vantagens competitivas nas empresas; transição verde e sustentabilidade como fator de competitividade na otimização circular dos recursos; a transição digital; o acréscimo de valor aos setores tradicionais; e a colaboração entre empresas". Para estas prioridades, mobilizaram-se um conjunto de instrumentos, dos quais o Secretário de Estado da Economia destaca o PRR.
A fechar esta sessão esteve João Nuno Palma, Vice-presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp, que salientou o facto do seu banco defender "o investimento empresarial e a sua importância para o crescimento e desenvolvimento da economia portuguesa". Concluiu, dizendo que "se há exemplos em Portugal de capacidade, de recuperação e de resiliência são, claramente, as empresárias e os empresários, que sempre foram a constante de todas as recuperações da economia portuguesa".