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Licínia Gouveia, monitora científica do Centro de Ciência Viva, dá uma aula a alunos do Colégio de Vilamoura."Aqui está uma ave já em decomposição onde podemos ver que o conteúdo do seu estômago é plástico", diz enquanto mostra aos estudantes imagens impactantes de animais marinhos que morreram devido à ingestão de plástico.
Os estudantes foram até ao Centro de Ciência Viva perceber de que trata o projeto A Minha Praia, uma das ideias que ganhou no ano passado o Orçamento Participativo. "É um projeto que envolve o público escolar e que o leva a cuidar das praias da região, monitorizando o lixo marinho, catalogando, recolhendo-o e reciclando-o".
Além de alertar para os malefícios do Plástico nos oceanos o projeto, que envolve muitas escolas e muitos alunos, vai reciclá-lo dando-lhe nova vida.
Ouça a reportagem da jornalista Maria Augusta Casaca
Para isso os três centros de ciência Viva no Algarve - o de Faro, Tavira e Lagos - vão adquirir máquinas especiais para fazer esse trabalho.
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"Funcionam com uma trituradora de plástico, uma fundidora e moldes". A seguir, com esses moldes, pode fazer-se aquilo que se pretender, desde bijuteria, capas para cadernos, taças, etc. Porque há plástico que também é necessário e útil. E a monitora deixa isso bem claro aos alunos. "Sem o plástico não íamos conseguir ter os avanços tecnológicos que temos hoje, os computadores, os componentes dos carros que são muito mais seguros do que há 70 anos. E é para isso que o plástico tem que ser usado", frisa.
Os monitores perguntam à turma quais as soluções para todos nós consumirmos menos plástico de modo a acabar com tanto lixo marinho. Os alunos ensaiam algumas respostas, mas a algumas propostas falta-lhes os pés assentes na terra. "Mandar o lixo para o espaço", alvitra um aluno. "Ele acabaria por vir cá parar", explica a professora.
Esta recolha e monitorização do lixo marinho vai ser feita em seis praias da região: Monte Gordo, Barril, a Ilha de Faro, e as Praias dos Pescadores em Albufeira, da Mareta em Vila do Bispo e a Meia Praia em Lagos.
Este trabalho dos jovens estudantes servirá também para apoiar estudos de investigação.
Ao microscópio, uma estudante tenta ver alguns microplásticos."Bué de fixe!" exclama.
E outras alunas falam sobre as próprias experiências."Já vi animais mortos na praia, uma gaivota enrolada numa rede", conta uma estudante.
A monitora Licínia Gouveia espera que o Projeto A Minha Praia sirva também para mudar mentalidades."Fica gravado na memória e na consciência deles. O que estamos a fazer aqui não é uma tarefa inglória", garante.
O projeto "A Minha Praia" continua até julho do próximo ano.