O presidente executivo da Sonae comentou as revelações feitas no âmbito da "Operação Marquês" sobre a OPA falhada à Portugal Telecom. Mário Lino diz que o Governo da altura não interveio no negócio.
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"Passámos muitos anos a dizer que o jogo estava distorcido. De uma forma ou de outra estavam todos feitos", afirmou Paulo Azevedo durante a sessão de apresentação das contas de 2016 do grupo Sonae.
Questionado pelos jornalistas sobre as revelações que têm surgido durante a investigação judicial da designada "Operação Marquês", nomeadamente em relação à forma como se desenrolou a tentativa - mal sucedida - de compra da Portugal Telecom (PT) por parte da Sonae, em 2006 e 2007, o líder do grupo da Maia disse que, apesar das garantias de que havia concorrência no setor, "o jogo estava distorcido".
"E isso fez-nos a vida muito difícil durante muitos anos, de uma forma muito injusta. Mas não somos de ficar parados e de nos lamentarmos, fizemos o nosso caminho e estamos muito contentes com ele", acrescentou.
Admitindo que "é com algum agrado" que vê a vinda a público de aspetos que rodearam o negócio, Paulo Azevedo afirmou acreditar que "agora a justiça fará o seu trabalho".
Na reação a estas palavras, o antigo ministro Mário Lino garante que o Governo de que fez parte não interveio na tentativa da SONAE para comprar a Portugal Telecom em 2007. Mário Lino, que em 2007 era ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações diz que a decisão coube unicamente aos acionistas da PT.
No âmbito da investigação da "Operação Marquês" foram constituídos arguidos os antigos gestores da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, suspeitos de terem sido corrompidos pelo Grupo Espírito Santo (GES) para, durante a sua atividade enquanto administradores da empresa de telecomunicações, agirem de acordo com os interesses daquele grupo.