Centenas de enfermeiros estão em protesto à porta de vários hospitais e a maior parte veste t-shirts negras onde apenas se lê a palavra "basta". Há também muitos cartazes com reivindicações.
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O Sindicato dos Enfermeiros garante que a adesão à greve já ultrapassa os 90% em Lisboa. Segundo Emanuel Boieiro, do Sindicato, nos hospitais de São José, Garcia da Horta, Setúbal, Barreiro Montijo e Santa Maria centenas de cirurgias estão a ser adiadas. "A adesão é de 100% na maior parte de hospitais, com exceção de Santa Maria que está nos 75%".
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À porta do Hospital de Santa Maria estão já cerca de 100 enfermeiros. Dizem "basta", pedem uma carreira digna e direitos salariais e também trazem a t-shirt negra. O Sindicato acredita que a concentração vai ser maior, com cerca de 500 enfermeiros.
No Hospital de São João estão entre 300 a 500 enfermeiros à porta. João Paulo Carvalho, presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, garante que a classe não está dividida, que os enfermeiros estão todos na mesma luta. "Uma luta justa pelos seus direitos. A classe está a demonstrar união e força e não precisa que todos os sindicatos estejam connosco".
João Paulo Carvalho explica que os enfermeiros "já estão por tudo e não querem saber se as faltas são injustificadas. Quando há greve, a falta é sempre injustificada, mas não conta para processos disciplinares". Quanto à penalização salarial, o presidente da Secção Regional do Norte diz que "vai ser grande e importante, mas muito menor do que o que temos perdido nos últimos anos. Já perdemos tanto que se perdermos mais um bocadinho por um futuro melhor, os colegas dirão presente".
Segundo o Sindicato, as cirurgias que estavam previstas para vários hospitais da região do Porto também não vão ser realizadas. Os blocos operatórios dos hospitais de Gaia, São João, Espinho e Aveiro estão encerrados.
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No Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra estão concentrados cerca de 200 enfermeiros da região centro. Ana Albuquerque, enfermeira desde 1973, que foi professora de muitos destes enfermeiros, explica que estes profissionais, com a carreira congelada há 14 anos, "merecem mais respeito, reconhecimento e remuneração justa. São licenciados há mais de 14 anos, com muitas responsabilidades e com cuidados de 24 horas a vigiar os doentes, que mais nenhuma outra profissão tem no hospital".
Ana Albuquerque denuncia ainda que há enfermeiros a serem ameaçados e que ninguém faz greve para "brincar" aos aumentos. "Há enfermeiros a serem verdadeiramente ameaçados de perderem o seu local de trabalho. Não queremos brincar aos aumentos estúpidos, queremos remunerações justas, negociadas e faseadas".