Empresa de comunicações fica com 52,1% do capital. Estado contínua com apenas 33%.
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A Altice Portugal tornou-se esta quarta-feira acionista maioritária da SIRESP SA., a operadora da Rede Nacional de Emergência e Segurança resultante da parceria público-privada promovida pelo Ministério da Administração Interna.
A intenção já tinha sido anunciada em agosto, mas agora concretizou-se, apesar de na sequência dos incêndios de 2017 o Governo ter anunciado que queria ficar com uma posição de controlo de um sistema que foi várias vezes acusado de ter falhado, sobretudo no trágico incêndio de Pedrógão Grande.
Em comunicado, a Altice diz que a compra foi feita esta quarta-feira à tarde depois de ter anunciado que iria exercer o direito de preferência sobre as posições detidas pelas empresas Esegur (12%) e Datacomp (9,55%).
A Altice Portugal tem agora 52,1% do capital da SIRESP, seguida do Estado com 33% através da empresa Galilei, ex-Sociedade Lusa de Negócios (antiga dona do BPN).
Recorde-se que em outubro de 2017 o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, chegou a anunciar que a intenção do governo era que o Estado tivesse 54% da SIRESP para garantir o controlo da empresa. Um ano depois aquilo que afinal se concretiza é o reforço (e controlo) da estrutura accionista mas pela Altice.
A Altice argumenta que a nova estrutura acionista "contribuirá para uma resposta mais ágil e mais capaz, conferindo ainda maior capacidade e celeridade na tomada de decisão dos órgãos executivos", sublinhando que há vários anos que defende "a necessidade de investimentos adicionais em soluções de redundância, tendo investido em meios técnicos e humanos no desenho das mesmas, nomeadamente através de tecnologia Satélite, de forma proativa e sem qualquer custo".
A empresa argumenta que as mudanças implementadas na rede de comunicações de emergência já se refletiram nos incêndios deste ano que não terão registado problemas de comunicações.
Recordando a sua dimensão, a Altice defende que "é o único operador do país com capacidade para projetar este tipo de sistema, por razões de ordem tecnológica e operacional, de onde resulta a completa satisfação e total cumprimento da qualidade de serviço prestados", prometendo "uma posição de total equilíbrio e cooperação com o Estado Português".
Recorde-se que um relatório só divulgado recentemente pela TSF e encomendado pelo governo arrasou o contrato do Estado com a empresa que gere esta rede de emergência. Pode ler-se, nas conclusões, fechadas no final de 2017, que "a Rede SIRESP apresenta fragilidades inaceitáveis numa rede de emergência e segurança" .