
Vítor Rios/Global Imagens
Especialistas internacionais discutem em Lisboa caminhos para combater a doença. Associação de investigadores pede estrutura para avançar com grandes projetos de nível nacional.
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"O cancro é uma doença muito complexa, mesmo muito complexa. Por isso, temos de juntar todos os conhecimentos necessários para encontrar respostas e abrir a nossa cabeça a coisas novas. O que temos hoje não chega". A explicação é do presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro que, esta quinta e sexta-feira, realiza um congresso internacional com especialistas de diferentes áreas.
Entre os convidados a falar em Lisboa está um investigador da NASA, num exemplo de "partilha de conhecimentos".
Luís Costa, o representante dos investigadores portugueses nesta área, conta que Leon Alkalai estava habituado a analisar superfícies lunares e o envio de sondas para Marte, mas a determinada altura a NASA percebeu que tem conhecimentos que podem revolucionar o combate ao cancro, tentando colocá-los ao serviço da humanidade e não apenas... do espaço.
O investigador português, também diretor do serviço de oncologia do Hospital de Santa Maria, sublinha que a NASA é "a instituição mundial com maior capacidade de instrumentos tecnológicos para visão e o que estão a fazer é aplicar esse conhecimento ao corpo humano e aos tecidos humanos".
Luís Costa recorda que temos "vírus e bactérias que habitam no nosso corpo e modelam muitas das nossas respostas imunitárias", afetando tratamentos na área da imunoterapia (uma das maiores esperanças no futuro dos tratamentos oncológicos).
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Luís Costa defende que Portugal, com o apoio do Estado, deve criar uma estrutura capaz de dar resposta à investigação académica nacional, dando-lhe escala para que seja possível desenvolver, como noutros países europeus de tamanho semelhante, projetos que realmente mudem algo de relevante no combate a uma doença que, sublinha, ainda está longe de ter cura.
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Uma estrutura no fundo "capaz de dar resposta às boas ideias nacionais", aumentando a relação entre instituições locais ou regionais que hoje estão distantes umas das outras.
Cura quase só depende da fase em que é detetado
O oncologista destaca ainda que hoje um dos principais desafios da doença é conseguir diagnósticos mais precoces que são muito difíceis em certos tipos de tumores: "O maior problema do cancro é quando é detetado tarde pois aí a sobrevivência é muito baixa", sublinha.
Luís Costa destaca ainda que ao contrário do que muitos pensam "há cura para o cancro, depende da fase em que ele é encontrado".
Globalmente, acrescenta, "cerca de 60% dos cancros são curáveis, mas o principal fator é a fase em que é encontrado. Se o cancro é encontrado muito cedo, conseguimos curá-lo muito mais vezes; se não, dificilmente conseguimos curar o cancro", conclui.