
Rui Oliveira/Global Imagens
Investigação da revista Visão analisou mais de uma centena de alimentos que estão à venda com rótulo de biológicos. Descobriu que um em cada cinco contém químicos e até produtos tóxicos.
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O estudo, o maior realizado em Portugal sobre produtos biológicos, analisou 113 produtos com o selo biológico. Em 21 foram detetados químicos todos proibidos.
Entre os alimentos analisados pelo laboratório Labiagro, num estudo pedido pela revista Visão, destaca-se uma couve com níveis de glifosato doze vezes acima do limite de segurança.
Brócolos, arroz integral, sementes de sésamo, maçãs e mesmo vinho produzido em Portugal foram outros produtos que deram positivo para a presença de pesticidas e químicos sintéticos.
No estudo foram identificados 23 tipos diferentes de químicos, entre herbicidas, fungicidas, inseticidas e pesticidas contra os ácaros. Alguns dos alimentos analisados acusavam mais do que um produto químico.
A investigação da Visão revela ainda que a origem não é uma garantia de controlo. Foram detetados químicos em produtos importados dentro e fora da União Europeia. E os que têm origem portuguesa estão mais contaminados do que a média.
27 por cento dos alimentos analisados com origem nacional continham pesticidas enquanto a média é de 18,5.
De acordo com a Visão, em Portugal há onze empresas que controlam e certificam a produção biológica mas têm de fiscalizar quase quatro mil produtores. Em 2015, o setor representava 22 milhões de euros por ano.
Este estudo mostra ainda que nas lojas e nas secções especializadas as regras nem sempre são cumpridas. Há produtos biológicos misturados com os outros, o que não é permitido por lei.
Para além disso, nas prateleiras muitos dos alimentos apresentam etiquetas que os identificam como "natural", "ecológico" ou "saudável", mas que não estão certificados com o selo verde. E por isso não está garantida a produção biológica.
Para que um alimento seja certificado como biológico, não pode apresentar qualquer vestígio de pesticidas.