O ministro da Defesa nega que lhe tenha sido dado conhecimento da encenação montada na Chamusca. E vai mais longe. Garante que nem sequer conhece o militar que o terá implicado no caso.
Corpo do artigo
O ministro da defesa, Azeredo Lopes nega "categoricamente" que tivesse conhecimento da encenação para a recuperação das armas de Tancos.
"Surpreendido pelas notícias", o ministro da Defesa negou esta quinta-feira que tivesse conhecimento de um plano para encenar a recuperação das armas roubadas dos Paióis de Tancos. Mais, o ministro garante que apenas "soube deste encobrimento exatamente como todos os portugueses, ou seja, na altura em que a Polícia Judiciária tomou a iniciativa de fazer aquilo que é do conhecimento público [detenções na cúpula da Polícia Judiciária Militar]".
"Não tive conhecimento de qualquer que me permitisse acreditar ter havido um qualquer encobrimento no processo, dito, da descoberta do material militar de Tancos", afirmou o ministro, excusando-se a negar possibilidade do Tenente-General Martins Pereira - seu antigo chefe de gabinete - ter sido informado do plano de encenação.
"Não vou, nem falar pelo meu chefe de gabinete, nem desenvolver mais este tópico. Só quero é dizer, de forma muito direta e muito categórica, que é totalmente falso que eu tenha conhecimento de qualquer encobrimento - seja sobre o achamento das armas, seja sobre os outros factos que têm vindo a público nas notícias, nos últimos dias", insistiu.
Quanto à informação dada pelo major Vasco Brasão de que o ministro sabia de todo o plano, Azeredo Lopes não comenta a estratégia de defesa, por ser uma matéria que se encontra em "segredo de justiça".
"Para dizer a verdade, nem sei se estas declarações foram proferidas. Como foram noticiadas como tal, é minha obrigação, quer como ator político, quer como cidadão é negar categoricamente que tenha qualquer conhecimento desse assunto", disse.
TSF\audio\2018\10\noticias\04\joao_francisco_guerreiro_azeredo_lopes_2_acto_tancos_bruxelas_14h
Embaraço
Esta manhã, ainda antes de serem divulgadas as informações dadas pelo major Vasco Brazão, o ministro reconheceu que as circunstâncias do roubo e recuperação das armas, dos paióis de Tancos é uma causa de "embaraço", durante a sua presença nas reuniões da Nato.
O ministro falava em Bruxelas, à margem de uma reunião na sede da Aliança Atlântica. Azeredo Lopes afirmou que entre os outros ministros não há sinal de inquietação, face ao desaparecimento e respetiva recuperação das armas e este "não é um tópico que seja considerado preocupante - ou minimamente preocupante -, por parte de colegas".
"Nem do ponto de vista formal, nem sequer naquelas conversas que é habitual termos, nunca me foi suscitada essa questão", afirmou o ministro reconhecendo, porém, que há "embaraço".
"Causou embaraço e causa o lado desagradável de qualquer militar que, independentemente da presunção de inocência, que esteja envolvido numa qualquer investigação criminal", afirmou a Azeredo Lopes, reconhecendo ainda que a sua "responsabilidade política", a qual tem assumido "desde o dia 1 de junho".
Bullying político
Respondendo às criticas internas, nomeadamente ao pedido do CDS para que se demita e abandone o ministério da defesa, Azeredo Lopes afirma que tal "não faz sentido nenhum", considerando até que as insistências dos centristas pode interpretar-se como "Bullying político".
Aquilo que o CDS pede, pede legitimamente. É um partido político, está a fazer oposição, considera que eu devo demitir-me e, portanto, encaro isso sem qualquer "hard-feelings" (ressentimentos) sem quaisquer críticas pessoais embora às vezes até pareça uma espécie de "bullying político"".
Em setembro do ano passado, na entrevista à TSF e ao Diário de Noticias, o ministro Azeredo Lopes não quis comentar a investigação da PJ Militar.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2017/09/azeredolopes_tsfdn_060708_20170910003838/mp4/azeredolopes_tsfdn_060708_20170910003838.mp4