Catarina Martins admite uma revisão da remuneração e do Estatuto dos Magistrados Judiciais, mas rejeita que revisão da remuneração dos cargos políticos seja uma "prioridade". Lamenta "ruído".
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A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu, esta terça-feira, a propósito do início da greve dos juízes , que "quem tem as responsabilidades da justiça deve ter um Estatuto e uma remuneração condizentes com a responsabilidade que têm".
"Achamos naturalmente que quem tem as responsabilidades da justiça deve ter um estatuto condizente com as responsabilidades que tem e uma remuneração também condizente com as responsabilidades que tem. Compreendemos isso. Esperamos que tudo corra da melhor forma na negociação que tem de ser feita com o Governo", disse Catarina Martins, em Lisboa, na sede do BE, no final de um debate com jovens, promovido pelo Conselho Nacional de Juventude.
Segundo a coordenadora bloquista, o Estatuto dos Magistrados Judiciais "já foi adiado tempo demais" e deve ser aprovado no "mais breve espaço de tempo possível". Catarina Martins destaca, no entanto, uma "divergência".
"Não consideramos que a revisão da remuneração dos cargos políticos seja, nesta altura, uma prioridade do país", sublinhou.
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses marcou 21 dias de greves até outubro de 2019, tendo o primeiro dia de greve começado esta terça-feira com uma paralisação geral que abrange a grande maioria dos tribunais portugueses.
Questionado sobre a greve, o primeiro-ministro, António Costa, já disse não querer comentar "decisões que são necessariamente legítimas de qualquer classe profissional", adiantando: "Não creio que essa seja a reação adequada a quem é titular de órgão de soberania" .
"Não adianta a ninguém estar a criar ruído sobre uma situação que é complicada", sublinhou a coordenadora do BE, Catarina Martins, depois das declarações do primeiro-ministro, salientando que, pelo Bloco, nada poderá perturbar o diálogo entre as partes. "Nós não faremos nada que prejudique as negociações com o Governo para se chegar a bom porto nesse estatuto", garantiu.