Segundo o estudo, divulgado na revista Science, esta aparente melhoria está, em boa parte, relacionada com a proibição do uso de certos gases em produtos como os aerossóis.
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Mais de 30 anos após a sua descoberta, o buraco da camada de ozono sobre a Antártida está novamente a dar sinais de recuperação.
Em outubro de 2015, os dados apontavam para um buraco na camada de ozono com as maiores dimensões de sempre, contrariando a tendência para encolher registada em anos anteriores. Agora, um estudo de uma equipa de cientistas dos EUA e Reino Unido, liderada pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), traz uma nova esperança para a recuperação da camada protetora do planeta Terra.
Segundo os dados divulgados na revista Science, desce 2000 o buraco encolheu cerca de quatro milhões de quilómetros quadrados, uma dimensão maior que a Índia. Os dados foram recolhidos entre 2000 e 2015, durante o mês de setembro.
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O estudo defende que grande parte desta recuperação se deve à implementação das medidas definidas com o Protocolo de Montreal, um tratado internacional de 1987 ratificado pelas Nações Unidas que promoveu a proibição do uso dos CFC, os famosos clorofluorocarbonetos, compostos usados desde 1920, por exemplo, em aerossóis, produtos para refrigeração e produtos de limpeza.
"É expectável que a camada de ozono recupere em resposta (a estas medidas), ainda que a um passo muito lento", pode ler-se no estudo. Recorde-se que os CFC podem permanecer na atmosfera mais de 50 anos pelo que os seus efeitos nefastos na camada de ozono ainda se farão sentir por largos anos. Por isso mesmo, o buraco na camada de ozono nunca será dado como "curado" antes de 2050 ou 2060, dizem os cientistas.
O estudo faz também referência ao impacto que as erupções vulcânicas podem ter na camada de ozono, como ficou comprovado em 2015, a quando a erupção do vulcão Calbuco, no Chile. O buraco de ozono interrompeu a tendência para encolher, registada até então, devido às partículas projetadas pelo vulcão para a atmosfera.
"Quando os vulcões se unem aos químicos produzidos pelo Homem, é uma mistura tóxica e a Antártida é particularmente vulnerável", disse a Professora Susan Solomon, do MIT, citada pelo The Guardian.
O buraco na camada de ozono foi descoberto em 1985. Considerada uma das barreiras protetoras da Terra, a camada de ozono protege o planeta dos raios ultravioleta prejudicais à saúde. A ONU estima que cerca de dois milhões de casos de cancro da pele por ano poderiam ser evitados através da eliminação progressiva dos CFC.