O ministro da Saúde foi ao Parlamento falar sobre o caso da morte do jovem David Duarte, tendo afirmado que os cortes "são perigosos pela falta de seletividade". Defendeu ainda que os médicos com mais de 50 anos devem fazer noites e urgências.
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Adalberto Fernandes considera que, num caso como este, da neurorradiologia e da neurocirurgia vascular, em que os recursos são "escassos", foi "pouco prudente que deixasse de existir a resposta que existia, desde 2003".
O ministro está no Parlamento a pronunciar-se sobre o caso da morte do jovem David Duarte que, depois de esperar três dias por uma cirurgia a uma aneurisma roto, faleceu no Hospital de São José. Adalberto Fernandes aguarda pelas conclusões das investigações, em curso, e considera "imprudentes" as declarações que ouviu por parte de alguns "responsáveis clínicos" sublinhando que mesmo as opiniões dos especialistas divergem.
O governante começou por deixar uma palavra de solidariedade para com a família de David Duarte que "está em sofrimento" até porque o caso tem sido "excessivamente mediatizado". Em relação às demissões de gestores, o ministro, em resposta ao PSD, disse que não tem "qualquer instinto purgatório", nem "escolhas ideológicas, apenas de competência".
Adalberto Fernandes espera empossar o novo conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (que incluiu o Hospital de São José) "dentro de dias" e confirmou que aceitou o pedido de demissão do presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS), Álvaro Almeida, que, em carta ao ministro, disse "não se sentir em condições de prosseguir" no cargo.
Médicos mais velhos nas urgências
Adalberto Campos Fernandes defendeu ainda que é necessário que os médicos "mais experientes", voltem a fazer noites, a partir dos 50 anos, e urgências, depois dos 55 anos.
O ministro prometeu tudo fazer para que estes médicos "não peçam para deixar de fazer noites, nem urgências" porque "o segredo de uma urgência é a experiência".
Para convencer os médicos a reconsiderarem, o ministro defende que a reposição remuneratória "vai ajudar". E espera que uma "nova forma de organização das urgências "possa também ajudar.
O ministro da Saúde defende ainda incentivos na progressão da carreira, além das recompensas remuneratórias, para médicos que optem ir para regiões do interior e para o Algarve, onde existem problemas "crónicos" de falta de especialistas.
Adalberto Campos Fernandes diz que a proposta deverá estar formulada até março e espera que seja possível avançar com a ideia ainda este ano.