O Centro de Reabilitação de Alcoitão está a desenvolver uma plataforma online para fisioterapia à distância. Com a pandemia, as equipas começaram a fazer teleconsultas e telereabilitação, depois de obrigadas a interromper tratamentos.
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À hora marcada, a médica fisiatra Isabel Amorim liga o Skype. Do outro lado, está um utente à espera da consulta de reabilitação. Com a pandemia, deixou de poder fazer tratamento presencial mas a equipa no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, em Alcabideche, arranjou uma alternativa.
"Olá bom dia. Como tem corrido?", pergunta a médica. "Está com bom aspeto", afirma Joel Pais, o fisioterapeuta que também acompanha a sessão em vídeo.
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"Nós disponibilizamos um vídeo em formato de uma pen, com cerca de 20 a 30 minutos, com vários exercícios terapêuticos, para que o doente pudesse continuar o seu programa de reabilitação de uma forma intensiva", explica Isabel Amorim, médica fisiatra no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.
O utente faz os exercícios em casa sozinho e periodicamente recebe chamada por Skype ou WhatsApp para mais sessões de fisioterapia acompanhadas.
Jorge Jacinto, diretor de serviço do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, explica que a teleconsulta e a teleterapia foram essenciais contornar a distância imposta durante o confinamento.
O médico admite que "não substitui na perfeição" porque falta o contacto humano e físico, "muito importante para a relação empática terapêutica, em qualquer área".
"Mas não substituindo na perfeição, ela é suficientemente boa para muitas situações. Não se aplica a todos. Mas nós queremos usá-la naqueles em que ela é suficientemente boa", complementa.
Joel Pais, fisioterapeuta no Centro de Alcoitão, conta que há alguns desafios na terapia à distância. Os exercícios devem ser suficientemente simples para minimizar os riscos de serem mal feitos. E há sempre os constrangimentos da tecnologia.
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"Depois habituam-nos e começamos a lidar com isso com naturalidade e fazendo as devidas adaptações no momento, quer da parte do doente, quer da nossa parte", garante.
A ideia da telereabilitação surgiu antes da pandemia mas o isolamento imposto pela Covid-19 deu um empurrão ao projeto.
O Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão está a desenvolver um projeto que permite acompanhar doentes que já tenham estado internados no centro e que tenham regressado a casa, ou doentes que já estivessem a fazer reabilitação em ambulatório e que possam também fazer a terapia a partir de casa.
A equipa quer agora avançar com um plataforma para reabilitação interativa digital, para que seja mais fácil seguir os resultados à distância e criar os exercícios de fisioterapia.
"Terá que ser criado um avatar porque, neste momento, somos nós que estamos a realizar os exercícios terapêuticos", sublinha a médica.
Com a criação de avatares, a equipa pode alimentar uma base de dados de conteúdos, gerando vídeos automáticos para cada doente.
Isabel Amorim admite que a reabilitação à distância não é para todos, tem de ser visto caso a caso e depende muito do empenho do doente.
O centro de Alcoitão realiza cerca de dez mil consultas por ano, muitas delas estão já a decorrer através dos canais digitais.