Arménio Carlos apelou ao fim do braço de ferro, Carlos Silva escolheu relembrar que a greve é um direito.
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O aviso ao Governo está feito: os braços de ferro não levam a lado nenhum. É esta a convicção de Arménio Carlos, líder da CGTP, que abordou assim a presente situação entre o Governo e os enfermeiros. O líder sindical defende que não com uma eventual requisição civil que o executivo irá conseguir resolver o diferendo com aquela classe profissional, que iniciou esta quinta-feira mais uma greve de um mês às cirurgias.
"O problema não se resolve com o impedimento da greve, nem com a alteração da Lei da Greve. O problema resolve-se a partir do momento em que o Governo se disponibilize a conversar com os sindicatos - e mais do que conversar - a programar no tempo a resposta às reivindicações dos sindicatos. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses não está a reclamar para amanhã a resposta a todas as suas reivindicações, mas quer programar no tempo a resposta a um conjunto de reivindicações. Isso não é possível?", questionou o líder sindical antes de revelar que para a CGTP a resposta é positiva.
Quanto às razões pelas quais tal não é feito, Arménio Carlos invoca o "défice zero" e deixa uma nova interrogação: "o défice zero é mais importante do que os trabalhadores e do que os cuidados de saúde a prestar À população?" Para a CGTP, a resposta é "não."
Também os professores têm estado em choque com o Governo e, nesse sentido, Arménio Carlos apela ao Governo para que atenda aos direitos dos docentes.
"Não se está a reclamar para os professores que se pague amanhã todo o tempo de serviço que eles têm. Aliás, eles não pedem nem reclamam retroativos. O que eles dizem é que se pode programar no tempo a reposição daquilo que é deles", explicou. O líder sindical lembra que os professores "trabalharam, cumpriram com as suas obrigações, assumiram os seus deveres", pelo que cabe agora ao Governo respeitar os seus direitos.
Admitindo que o Governo possa ser resolvido só em "2025, 2026 ou para lá desse período", Arménio Carlos pede ao Governo que se sente, isto porque "o braço de ferro" não leva as negociações a lado nenhum. "Se por ventura se pensa que é com este braço de ferro que se vai resolver problemas, não é. Está provado que existe uma grande unidade e coesão da classe dos professores em relação a este processo", lembrou à saída de uma reunião em que o Presidente da República recebeu os parceiros sociais.
UGT aponta o dedo a Marta Temido
Quem também esteve presente nesta reunião foi a UGT que, na voz do seu líder Carlos Silva, criticou o Governo e principalmente a ministra da Saúde, que admitiu tomar medidas face à nova greve cirúrgica.
"É um desabafo irresponsável da senhora ministra da Saúde, quando vem com uma simples frase em relação à greve, afirmar que eventualmente a greve poderá ser um abuso, quando é um preceito e um princípio constitucional. É um direito dos sindicatos. O direito à greve é um atentado em ditaduras. A ditadura em Portugal desapareceu em 1974", lembrou o líder sindical.