30 anos são poucos para fazer desaparecer a radiação. No dia em que se recorda Chernobyl, ainda se desconhecem as verdadeiras consequências do desastre nuclear para a saúde humana.
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"Trinta anos, para uma catástrofe nuclear, é só o princípio. Mesmo que a memória das pessoas falhe acerca do que aconteceu em Chernobyl, o legado radioativo permanece". As palavras são de Alex Rosen.
Primeiro como estudante, mais tarde como médico, Alex Rosen, tem-se dedicado a investigar as consequências para a saúde do que é considerado o maior desastre nuclear de sempre. "É muito difícil associar diretamente um caso de cancro a Chernobyl, estas doenças não trazem uma etiqueta de origem, mas podemos basear-nos nas estatísticas." Para o vice-presidente da organização IPPNW na Alemanha (Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear) "os indicadores que poderiam servir para medir os níveis de exposição à radiação nunca foram calculados. Na antiga União Soviética houve um grande secretismo em torno deste assunto, muitos indicadores foram até falsificados."
O médico alemão lamenta que muita informação permaneça guardada em arquivos, na Rússia, "informação que não é analisada porque não há vontade política." Alex Rosen sublinha que "a Rússia promove a energia nuclear e não tem qualquer interesse em que estes dados saiam à luz."
Num banco de jardim, em Prenzlauer Berg, um dos bairros do centro de Berlim, Alex Rosen confessa-se satisfeito com a posição da Alemanha em relação ao nuclear: "já percebeu que esse não é o caminho do progresso".