Cientista português recebe bolsa para desenvolver vasos sanguíneos artificiais
Rogério Pirraco recebeu uma bolsa no valor de 1,5 milhões de euros para desenvolver trabalho na área da Engenharia de Tecidos.
Corpo do artigo
Há cada vez mais procura por órgãos para transplante do que dadores e é aí que entra a Engenharia de Tecidos, a área de especialização de Rogério Pirraco. O investigador desenvolve órgãos e tecidos em laboratório para transplante mas replicar os vasos sanguíneos em ambiente clínico é uma das maiores que os investigadores encontram.
Rogério Pirraco explicou à TSF que "é um problema muito grande quando os transplantamos em ensaios pré-clínicos porque eles tendem a falhar dentro no corpo dos hospedeiros porque não se conseguem ligar à circulação dos hospedeiros".
A bolsa que o investigador Rogério Pirraco recebeu das mãos do Conselho Europeu de Investigação vai possibilitar o desenvolvimento de um interface que facilite a ligação entre os vasos sanguíneos dos órgãos criados em laboratório e a circulação nos hospedeiros, ou seja, nos pacientes que recebem os órgãos transplantados.
"Quando há um transplante de um dador para um paciente, por exemplo, um coração ou um fígado, são sempre transplantados com um eixo vascular, isto é, com uma veia ou uma artéria que depois são ligadas a uma veia ou uma artéria no paciente que as está a receber, de maneira a que esse coração e esse órgão seja imediatamente profundido com sangue de hospedeiro, para assegurar a sobrevivência desse órgão. No entanto isso é uma grande dificuldade de se fazer para órgão feitos em laboratório e o meu o meu projeto está a tentar resolver esse problema, facilitar essa transição de laboratório".
O investigador do Grupo de Investigação 3B's da Universidade do Minho refere que a bolsa de 1,5 milhões de euros vai dar um bom empurrão à carreira, possibilitando a formação de uma equipa própria.
Rogério Pirraco confessou que está orgulhoso pela distinção. "Para um investigador tão novo como eu conseguir ganhar uma bolsa deste calibre obviamente é um choque ao início que rapidamente se torna em alegria. Fico muito orgulhoso em ter conseguido".
Em comunicado, a Universidade do Minho explica que a bolsa de 1,5 milhões de euros atribuída a Rogério Pirraco "são as mais prestigiadas e competitivas da Europa", sendo atribuídas pela sexta vez ao Grupo 3B's, dirigido pelo professor Rui Reis.
A bolsa do Conselho Europeu de Investigação está destinada a quem está a iniciar uma carreira independente e quer estabelecer uma linha própria de investigação.
Neste concurso de 2018 de Bolsas de Iniciação de Carreira do Conselho Europeu de Investigação, Portugal obteve cinco bolsas, num total de financiamento atribuído de 7,2 milhões de euros, incluindo a de Rogério Pirraco.