
Artur Machado/Global Imagens
A Administração Central do Sistema de Saúde só conta o tempo de esperar a partir do momento em que o doente é referenciado pelo médico hospitalar.
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Os números apontam para dados melhores no Sistema Nacional de Saúde. Segundo o relatório publicado pela ACSS, a Administração Central do Sistema de Saúde os tempos de espera médios para uma cirurgia em 2015 pouco ultrapassaram os três meses. Mas a ACSS só conta o tempo a partir do qual o doente é referenciado pelo médico hospitalar e não pelo médico de família. E aí, podem decorrer anos.
O Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para a Cirurgia, o SIGIC, referenciou mais de 662 mil doentes para serem operados no ano passado e desses mais de 513 mil foram sujeitos a cirurgia.
Ricardo Mestre, vogal da ACSS, considera os números animadores. "Houve um aumento do número de doentes operados, maior número de entradas em lista e uma manutenção à volta dos três meses naquilo que é a resposta média".
Muitas cirurgias, com mais de 20 mil a terem sido realizadas à custa dos 57 hospitais particulares convencionados. Mas o vogal da ACSS garante que este ano há mais hospitais do Serviço Nacional de Saúde a admitirem transferências de doentes e a darem resposta." Tínhamos apenas sete hospitais do SNS que estavam a receber doentes de outros hospitais. Passámos para 18 hospitais e até agosto tivemos já 7.325 transferências."
A Administração central dos sistemas de Saúde fala em três meses de espera para uma cirurgia, mas só conta o tempo a partir do qual o doente é referenciado pelo médico hospitalar. Ora, desde que um doente é inscrito pelo médico de família para ser operado até que o chamem para a cirurgia, muitas vezes decorrem anos. É o caso de António José, 83 anos. Foi operado às cataratas num hospital convencionado com o SNS depois de ter esperado três anos.