No Fórum TSF, debateu-se a demissão do comandante nacional da Proteção Civil e os atrasos na nova lei orgânica e dos meios disponíveis para o combate aos incêndios.
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, considera que a saída de António Paixão do Comando Operacional Nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) traz a estabilidade necessária para que se evite um cenário como aquele visto nos incêndios do último ano.
"Estou absolutamente convencido de que se as altas temperaturas, as baixas taxas de humidade e os ventos atípicos não forem tão duros como foram no ano passado, com certeza que conseguiremos levar a carta a Garcia. Se forem, temos de redobrar os nossos esforços e estar com estabilidade. Estabilidade que não havia e [para a qual] esta mudança de Comandante Nacional é um passo muito grande", afirmou Jaime Marta Soares, no Fórum TSF.
"Saúdo a substituição e a decisão do Ministério da Administração Interna, para que se encontre esta acalmia", disse, acrescentando que todos os bombeiros estão a reunir esforços para que "o ano de 2017 nunca mais se repita na história de Portugal".
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses fez ainda um reparo aos atrasos na contratação de aeronaves e desafiou o Governo a lançar já o concurso para o próximo ano.
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Já o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), Fernando Curto, defendeu que era importante saber as verdadeiras razões que levaram à demissão de António Paixão.
Fernando Curto acusa ainda o Governo de "alimentar o lóbi" da Liga Portuguesa de Bombeiros. "Porque motivo temos comandantes no COS (Comando das Operações de Socorro) nomeados pela Liga? Porque é que não são nomeados pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, pela Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários ou por outra associação? Este lóbi tem que terminar", disse no Fórum TSF.
"Só quando este lóbi terminar é que os portugueses ficarão descansados e o Governo estará em condições de ter uma lei orgânica da Proteção Civil estruturada, organizada e que possa responder aos cidadãos. É isto que se pede", defendeu Fernando Curto, que critica também as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a eventual repetição de uma tragédia.
"O Sr. Presidente da República a dizer que, se as coisas não correrem bem, se ia embora. O Presidente da República não pode fazer isto! O mais alto magistrado da nação tem que pedir responsabilidades a quem tem que as pedir, no sentido de o povo português ter uma resposta célere dos bombeiros", insistiu.
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Ricardo Ribeiro, presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Proteção Civil (ASPROCIVIL) considera que se António Paixão não estava bem, tomou a decisão acertada, e desvalorizou, no Fórum TSF, os atrasos na lei orgânica da Proteção Civil.
"É melhor um [comandante] que esteja nas suas plenas capacidades de trabalho do que um outro, por muito bom que seja, que esteja com alguma condicionante", referiu.
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*com Manuel Acácio e Rita Costa