Portugal está há três meses sem diretor para o Programa Nacional para a Diabetes da Direção-Geral de Saúde. Médicos falam em retrocessos no tratamento dos doentes.
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A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e a Sociedade Portuguesa de Diabetologia alertam que o país está há três meses sem diretor para o Programa Nacional para a Diabetes da Direção-Geral de Saúde (DGS).
O diretor clínico da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, João Filipe Raposo, explica que a ausência de coordenador está já a refletir-se na organização dos cuidados de saúde e também nos planos de combate e prevenção da doença.
"Nos últimos anos, havia uma tentativa de juntar cada vez mais os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares, de forma a tentar homogeneizar os cuidados às pessoas com diabetes. Isso implica um esforço muito grande ao nível de um coordenador de um Programa Nacional para a Diabetes", defende.
Para além disso, João Filipe Raposo lembra que há também impactos no programa de distribuição das bombas de insulina e no programa de prevenção da diabetes. "Estamos em suspenso à espera de orientações e do coordenador".
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As carências são visíveis e têm exemplos concretos. Hélder Ferreira, coordenador do Programa da Diabetes da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, revela que, por falta de dinheiro, há três zonas da região que estão há meses sem rastreios de retinopatia diabética, fundamentais para evitar casos de cegueira.
Hélder Ferreira explica à TSF que o contrato com a técnica responsável por esse rastreio terminou em dezembro do ano passado e a ARS do Centro ainda não teve possibilidades de contratar ninguém. "Não há meios no terreno para realizar o que os técnicos tinham vindo a fazer, concretamente na região dos Agrupamentos de Centros de Saúde Dão-Lafões, Baixo Mondego e Pinhal Interior Norte", adianta. "Quem está no terreno sente-se um pouco órfão dado não haver alguém a quem possa pedir responsabilidade e apelar".
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Contactada pela TSF, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, adianta apenas que a situação será resolvida em breve.
Em Portugal, os últimos dados apontam para mais de um milhão de diabéticos. A doença afeta mais de 13% da população portuguesa.