O bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses pede atenção a pequenos sinais no dia-a-dia, que podem servir de alerta para sintomas de depressão e ansiedade.
Corpo do artigo
A pandemia provocada pela Covid-19 trouxe consequências para a saúde mental que estão a preocupar a comunidade médica.
Há estudos que demonstram um aumento dos sintomas de depressão e ansiedade em vários países do mundo.
Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, explica que a pandemia trouxe sensações que muitas pessoas não souberam identificar.
TSF\audio\2020\08\noticias\21\21_agosto_2020_por_quem_precisa_bastonario_ordem_dos_psicologos
"Para além do medo, o desconforto com uma série de sensações, até de emoções como se isso fosse pouco sentido e vivido no restante tempo. Como se, de repente, o facto de ser estar a sentir mais ansiedade ou de se estar a sentir mais irritação, de se estar a sentir, em termos emocionais, medo, como se isso fosse algo novo", conta.
O medo não é novo mas o desconforto da vivência sensorial aplicada à Covid-19 é uma novidade que merece atenção.
Francisco Miranda Rodrigues fala de sensações que podem trazer consequências para a saúde mental e pede atenção a pequenos sinais que podem servir de alerta: alterações de comportamento, mudanças de humor, mais conflitos, alteração na qualidade das relações.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2020/08/4_bastonario_ordem_psicologos_fi_20200809170025/mp4/4_bastonario_ordem_psicologos_fi_20200809170025.mp4
"Se a pessoa também demonstra que a sua satisfação com o dia-a-dia está mais reduzida do que aquela que tinha. Se vai estando mais triste e isso acontece recorrentemente e praticamente não sorri e antes sorria muito. Estas alterações devem-nos alertar para que alguma coisa possa não estar bem", afirma o bastonário.
O bastonário da Ordem dos Psicólogos explica que as alterações também se sentem no trabalho e há indicadores que ajudam a identificar quem pode estar com problemas. "Se alguém que era alguém muito focado, de repente comete muitos erros que não cometia, claramente desatento", explica.
Podem ser sintomas ligeiros e até arriscam a passar despercebidos mas são os que que mais preocupam o bastonário da Ordem dos psicólogos.
"Em termos depois de dimensão social, o que tem maior impacto é aquela franja da população a quem não é diagnosticado nada mas que sofre. E que sofre no desempenho de trabalho, nas relações familiares e pessoais. E isso são os números esquecidos sempre das crises todas", lamenta.
Francisco Miranda Rodrigues acredita que a maior da população vai encontrar formas de lidar com novas emoções que a Covid-19 trouxe mas há pessoas que vão precisar de ajuda profissional.
O psicólogo recomenda leitura de orientação sobre os efeitos da pandemia na saúde mental, mas lembra que é sempre possível pedir ajuda profissional de profissionais de saúde mental.
Para prevenir situações depressivas, o especialista aconselha bons hábitos de sono, manutenção de rotinas que ajudem a dar significado ao dia-a-dia, exercício físico e contacto social. "Nós sempre falamos em distanciamento físico, nunca social".