Compreensão e integração - as chaves contra o terrorismo, dizem especialistas

Andy Rain/EPA
Não desprezar "quem não tem nada a perder", estabelecer diálogo com elementos "moderados" das comunidades mais radicais, porque esta não é uma "guerra convencional". As ideias de 4 especialistas.
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Na sequência dos ataques desta quarta-feira em Bruxelas, o Fórum TSF desta manhã tentou perceber se estamos a perder a guerra contra o terrorismo, e escutou especialistas em questões de segurança e política internacional para nos ajudarem a refletir sobre o que é necessário fazer para combater eficazmente o terrorismo, o que é possível fazer para não ficarmos reféns do medo.
- General Garcia Leandro - ex-director, do Instituto de Defesa Nacional, investigador no campo da estratégia e da segurança internacional
Defende que os responsáveis políticos não perceberam o enquadramento político e estratégico que enquadra este tipo de ameaças, nem perceberam que a arma mais letal é o desespero de quem sente que não tem nada a perder. A luta será demorada e complexa, envolvendo áreas muito distintas.
- Filipe Pathé Duarte - Porta-voz do Observatório de Segurança, Criminalidade e Terrorismo.
Defende que estamos perante uma guerra não convencional, em que é essencial circunscrever a capacidade de grupos terroristas como o Daesh. Alerta ainda que, numa sociedade democrática e aberta, nunca estaremos completamente preparados para uma ameaça terrorista.
- José Manuel Anes - Especialista em questões de segurança e combate ao terrorismo. Ex-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade e Terrorismo.
Considera que é essencial cooperar com os elementos moderados das comunidades islâmicas para evitar a radicalização dos jovens que depois vão engrossar as fileiras dos movimentos terroristas. Em termos nacionais, apesar de estarmos bem preparados para o nosso nível de ameaça, devemos reforçar a capacidade dos diversos serviços de segurança.
- Embaixador Martins da Cruz - ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do XV Governo Constitucional, liderado por Durão Barroso. Foi embaixador de Portugal em Espanha, junto da NATO e da União Europeia Ocidental.
Considera que é essencial não confundirmos a comunidade árabe que vive na Europa com os sectores que estão radicalizados por uma interpretação enviesada dos textos religiosos do Islão. Explica que a resposta tem de ser muito pragmática, conciliando o plano da segurança e da intervenção militar, com uma forte intervenção política e diplomática.