"Conseguimos em menos de um ano recuperar." Os empresários que renasceram das cinzas
A maioria das firmas em Oliveira de Frades já voltou à atividade, estando já a reerguer as fábricas que o fogo destruiu. Siga a emissão especial na TSF.
Corpo do artigo
O tecido empresarial de Oliveira de Frades foi dos que mais "sofreu" com os incêndios de outubro de 2017. Há um ano, depois da passagem do fogo que arrasou neste concelho cerca de 70 empresas, temeu-se o pior: o desemprego naquele que é um dos municípios mais industrializados no distrito de Viseu.
Os empresários não baixaram os braços e renasceram das cinzas. A maioria das firmas já voltou à atividade, estando já a reerguer as fábricas que o fogo destruiu.
TSF\audio\2018\10\noticias\15\tarde_jose_ricardo_ferreira_renascer
O grupo Portax Iberoperfil foi dos que mais perdas sofreu. Todas as unidades que possui foram todas tocadas pelas chamas. Dois pavilhões ficaram em escombros. Os prejuízos foram superiores a 20 milhões de euros, mas ainda assim nenhum dos 200 funcionários foi dispensado.
"Mantivemos as pessoas, fizemos turnos, desmultiplicamos operações, produção para conseguir servir os clientes e manter os postos de trabalho", adiantou à TSF Bruno Vale, diretor geral da empresa, sublinhando que após a tragédia, mesmo "quando não houve produção, houve limpeza, remoção" de entulho para fazer.
A companhia está a laborar ainda a 85 por cento, mas até ao final do ano conta ultrapassar os 100 graças à ampliação das instalações que foi feita depois dos incêndios.
"Isto acabou por ser uma oportunidade para alterarmos o layout e conseguir uma melhoria ao nível de produtividade. Portanto, foi difícil, sim, mas foi [um momento] encarado como uma oportunidade desde o primeiro dia para a empresa", vincou Bruno Vale.
O grupo Portax Iberoperfil "levantou-se sozinho", apenas com fundos próprios e o dinheiro do seguro. Aguarda ainda a aprovação de uma candidatura ao programa Repor, criado pelo governo para auxiliar o tecido empresarial.
Quem já está a beneficiar dessa ajuda é a ASP - Indústria de plásticos, que juntando esse apoio ao dinheiro dos seguros alugou um pavilhão para regressar à laboração. Está também a concluir a construção de uma nova fábrica, que deve abrir portas no início do próximo ano.
Mesmo com um prejuízo de cinco milhões de euros, a empresária Teresa Bernardes nunca pensou em desistir porque tinha que transmitir o exemplo à família, aos filhos e aos 21 colaboradores, que mantiveram o posto de trabalho. "Lembrava-me muito do que seria dos funcionários, da sua família e então tinha que ir para a frente", disse.
Recuperada do choque, Teresa deitou mãos à obra para reerguer o negócio, mas sem nunca esquecer aquele dia de 15 de outubro.
"O que aconteceu é uma memória triste, que vamos levar connosco, mas que passou. Nunca será esquecido, será sempre lembrado, pelos piores motivos, que foi termos perdido tudo, mas também por surgirmos mais fortes e conseguirmos dar a volta", afirmou.
As empresas não olharam a meios para retomar a laboração. A Toscca foi uma das primeiras a voltar à laboração. Um mês depois do fogo emitiu a primeira fatura. A companhia está hoje a reconstruir a unidade que ardeu e a funcionar num edifício que comprou à Martifer.
"Estamos com a atividade ao nível do ano passado o que é notável porque nós não tínhamos mais nenhuma empresa, nenhum grupo económico, mas conseguimos em menos de um ano recuperar", explicou Pedro Pinhão, diretor da Toscca, que espera atingir em 2018 o mesmo volume de faturação de 2017.
A fábrica registou um prejuízo de cinco milhões de euros e está a investir o dobro, na nova unidade e na que está já a trabalhar, contando para o efeito com dinheiros próprios, do seguro e do programa Repor.
A unidade recrutou mais 21 pessoas que se juntaram aos 50 funcionários. Tem em curso um outro investimento, na casa dos cinco milhões de euros, que depois de concluído levará à contratação de mais três dezenas de colaboradores.