No Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, esta é uma semana diferente para cerca de 40 alunos. No próximo ano letivo, e com a rede Ciência Viva, a experiência vai chegar a mais crianças do interior.
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Anualmente, a Escola Ciência Viva, que funciona dentro do espaço do Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, recebe crianças das várias escolas da capital, mas, este ano, depois das tragédias dos incêndios, são os alunos do Agrupamento de Escolas de Pedrógão Grande que, durante uma semana, podem fazer experiências em laboratório, visitar exposições, programar computadores ou, até, conversar com cientistas.
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Pé ante pé, e com a ajuda da monitora Ana Rita, entramos no laboratório onde cerca de vinte crianças, munidas de um microscópio, descobrem que há muito mais além daquilo que a vista alcança. Falamos com a Léa que, depois de observar as células ampliadas da mucosa bucal, nos revela o "muito" que aprendeu e que esta é a primeira vez que utilizou um microscópio. Ao lado, também a Daniela, de 8 anos, se mostra surpreendida com alguns dos instrumentos à disposição dos alunos. Quanto às aulas na escola em Pedrógão Grande e na Escola Ciência Viva, diz, têm mesmo algumas diferenças: "É diferente porque aqui vamos para o laboratório", sublinha.
As primeiras experiências da Daniela e da Léa com um microscópio denunciam a falta de acesso que existe, em muitas escolas do interior, a ferramentas essenciais à aprendizagem. A diretora do Pavilhão do Conhecimento e presidente da Ciência Viva, Rosalia Vargas, sublinha, por isso, a necessidade de levar a ciência para lá da capital, para que chegue às crianças de todo o país.
"Levámos sete anos a consolidar este projeto aqui no Pavilhão do Conhecimento e resolvemos abri-lo e alargá-lo à rede dos centros Ciência Viva. São sete de Bragança até ao Algarve", diz Rosalia Vargas, que salienta que a troca de experiências é agora resultante da solidariedade, mas que o objetivo é que a partilha funcione nos dois sentidos: "Também haverá crianças aqui de Lisboa que irão passar uma semana a Pedrógão Grande".
É com a presidente da Ciência Vuva que entramos noutra das salas onde, por entre provetas, gobelés e outros materiais de laboratório, os alunos realizam algumas experiêcias. Estamos, como pode ler-se numa das paredes, na "Oficina Experimental do Gosto", repleta de pequenos aprendizes de cientistas de Pedrógão Grande.
Nesta cozinha laboratório, o entusiasmo dos mais pequenos é acompanhado pelas explicações dos vários monitores e de Alexandra Sousa, coordenadora da Escola Ciência Viva, que esclarece que, no que diz respeito ao interesse ou à curiosidade, não há diferenças entre quem está na capital ou no interior do país.
"As diferentes realidades de cada uma das crianças influenciam, agora, no interesse, na curiosidade ou no querer aprender não há diferenças", afirma, lembrando que o projeto procura "contribuir para o equilíbrio da balança" e diminuir a ideia de um país "a dois ou três motores", diz.