Empresa que comercializa o sistema não consegue responder a tanta procura.
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As queixas são recorrentes, depois de o Estado ter acordado com a empresa comparticipar um sistema inovador, único, que permite medir a glicemia dos diabéticos sem a tradicional, morosa e desconfortável picada no dedo várias vezes ao dia.
Uma revolução na vida de muitos diabéticos, mas que esbarra nas recorrentes faltas do produto na farmácia, como explica José Manuel Boavida, presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), que pede ao Ministério da Saúde e ao Infarmed (Autoridade do Medicamento) que dê uma palavra para acalmar a ansiedade dos doentes e sobretudo dos pais das crianças diabéticas.
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O médico destaca que a empresa devia ter planeado melhor a entrada no mercado deste pequeno sensor redondo colocado na parte posterior do braço para medir continuamente o estado da glicemia.
Picar o dedo é trauma para muitas crianças
José Manuel Boavida destaca que, apesar de parecer um ato banal, picar o dedo várias vezes ao dia, como era feito antes deste sistema, é um trauma para muitos diabéticos, sobretudo para as crianças, pelo que é normal que os pais andem muitas vezes meio loucos à procura deste aparelho nas farmácias.
Um sensor que, sublinha, foi o princípio do fim da imagem de marca da doença: "Uma picada no dedo e uma gota de sangue que se punha numa tira".
Todos os meses, diz o responsável da APDP, há pelo menos uma semana em que é muito difícil comprar o sensor, gerando uma reação de açambarcamento cada vez que ele reaparece nas farmácias, sendo preciso restabelecer a confiança dos doentes e das famílias para que não entrem em pânico com receio de não terem acesso a algo que lhes "revolucionou a vida".
José Manuel Boavida acrescenta que, para quem tem diabetes, é essencial saber os valores de glicemia, pelo que todas as semanas têm contactado e recebido promessas da empresa.
Infarmed pede aos doentes que denunciem falhas
À TSF, o Infarmed explica que está "a acompanhar atentamente e a monitorizar com toda a atenção este processo", pois, "devido à elevada procura, a empresa tem tido algumas dificuldades em responder às solicitações no tempo desejado".
A Autoridade do Medicamento apela ainda aos doentes que contactem o seu centro de informação, para que exista um maior conhecimento sobre a "real situação do problema".
Empresa promete resposta até ao fim do mês
A empresa que comercializa o Freestyle Libre, nome comercial do único aparelho que hoje permite de forma contínua monitorizar a glicemia, também responde dizendo que tem tido "um acréscimo de procura superior ao esperado, em todo o mundo", o que levou a "atrasos na expedição do produto nos últimos dois meses".
A Abbott garante estar empenhada em responder a todas as encomendas até ao final deste mês e acrescenta que está a "trabalhar para aumentar a capacidade de produção de forma a responder a esta procura", tendo concluído já este mês a modernização de uma fábrica, duplicando a capacidade de produção de sensores.