O psiquiatra Daniel Sampaio diz que o apoio psicológico não chega e alerta que "não está a funcionar" o protocolo que permite o reencaminhamento para o SNS os elementos da PSP e da GNR em risco.
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"Devo alertar que o protocolo não está a funcionar. Como diretor de serviço não recebi nenhum protocolo", diz Daniel Sampaio.
O responsável pelo serviço de psiquiatria da Faculdade de Medicina de Lisboa deixou o aviso ao governo durante uma audição pública, proposta pelo PCP, sobre os suicídios nas forças de segurança realizada pela Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
Dados do ano de 2015, indicam que se suicidaram oito polícias da PSP e sete militares na GNR.
Sampaio considera "importantíssimo" que seja posto "em prática" o protocolo entre os ministérios da Administração Interna e da Saúde para a criação de uma" via verde", nos hospitais do SNS, para os elementos da PSP e da GNR, em risco de suicídio.
O psiquiatra defende que para "tratar do suicídio é preciso tratar da depressão" e que esta não pode ser tratada por psicólogos, defendendo ainda que deve ser restringido o acesso à arma após detetado o risco, além de ser essencial verificar os consumos de álcool e droga, que podem potenciar o risco.
Daniel Sampaio defendeu ainda que é preciso atualizar o estudo de autópsia psicológica dos casos de suicídio, que já tem 10 anos, no que foi acompanhado pela secretária de Estado adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto.
Nesse estudo de 2006, constata-se que mais de metade dos agentes das forças de segurança que se suicidaram já tinha manifestado essa intenção.
Na audição parlamentar, foram apontadas razões como o desenraizamento social e cultural de agentes colocados longe dos locais de origem e também, causas como problemas familiares ou o facto de os militares em serviço no estrangeiro auferirem de rendimentos que depois não têm continuidade, no regresso a Portugal.
Na audição pública estiveram presentes elementos dos sindicatos da PSP e Polícia Judiciária e associações socioprofissionais da GNR.