Ex-mulher de José Sócrates foi a terceira arguida a ser ouvida pelo juiz Ivo Rosa, na fase de instrução do processo Operação Marquês. O interrogatório desta tarde durou cerca de 3 horas e foi o mais longo até ao momento.
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Quando chegou ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), ao início da tarde, Sofia Fava garantiu que estava confiante, mas três horas depois, quando terminou o interrogatório do juiz Ivo Rosa, a ex-mulher de José Sócrates recusou prestar declarações aos jornalistas.
À saída do TCIC, o advogado de defesa de Sofia Fava, Paulo Sá e Cunha, garantiu que os factos da acusação do Ministério Publico (MP) ficaram esclarecidos no essencial, já que alguns pormenores são difíceis de recordar: "Há muita coisa em que não é possível reconstituir o que se passou há sete, oito ou nove anos."
Sofia Fava está acusada de um crime de branqueamento de capitais e de outro de falsificação de documentos no âmbito da Operação Marquês. O primeiro em coautoria com o ex-primeiro-ministro e Carlos Santos Silva, relacionado com a compra de uma herdade no Alentejo [Monte das Margaridas], o segundo devido a um alegado contrato fictício com uma empresa de Carlos Santos Silva.
Durante esta semana serão ouvidas as cinco testemunhas arroladas por Sofia Fava (Tiago Meira, Vítor Tavares, Carlos Miguel Carvalho, Raul Armando Ferreira de Carvalho e Luís Miguel Damas), para ajudar a esclarecer o negócio da herdade, que a acusação considera ter sido comprada com dinheiro que pertenceria a José Sócrates.
Questionado pelos jornalistas se Sofia Fava teria de voltar a tribunal, Paulo Sá e Cunha lembrou que a instrução "ainda está no início", que "ainda há muita prova para produzir", mas disse estar confiante que o interrogatório desta tarde foi suficiente: "A parte que nos propúnhamos fazer está feita, os esclarecimentos foram prestados, não vejo, para já, necessidade de voltar a trazer cá a engenheira Sofia Fava."
A estratégia de defesa passa por convencer o juiz Ivo Rosa a anular a acusação do MP por falta de fundamentação, não levar Sofia Fava a julgamento ou decidir-se pela suspensão provisória do processo, devido à falta de antecedentes criminais e por ter colaborado com as autoridades na fase de inquérito.
O inquérito Operação Marquês, que teve início há mais de cinco anos, culminou na acusação a 28 arguidos, 19 pessoas e nove empresas, e investigou a alegada prática de quase duas centenas de crimes. José Sócrates foi acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.